Publicado 07/04/2021 09:06
Rio - Depois do imbróglio na justiça, entre a Prefeitura do Rio e um grupo formado por vereadores e deputados estaduais, enfim as aulas presenciais foram retomadas na capital fluminense. Cerca de 500 unidades de ensino, entre creches e escolas públicas e particulares foram reabertas nesta quarta-feira (7), segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Mesmo com a decisão da justiça, dando parecer favorável à Prefeitura do Rio, a movimentação na entrada das escolas foi baixa na parte da manhã. Alguns pais, ainda desconfiados, optaram por colocar seus filhos na sala de aula.
A auxiliar de ensino Hellen, de 30 anos, acompanhou a filha até a entrada da Escola Municipal Miguel Couto, em Olaria, mas reclamou da confusão gerada essa semana.
"Está tudo muito confuso. Uma hora pode trazer e outra hora não pode. As crianças reclamam dentro de casa, querem estudar, mas a gente espera a decisão final. o que a gente ensina é o que elas precisam ter todo cuidado na escola. O vírus ainda está aqui, então todo cuidado se faz necessário", disse.
Quem também reclamou da briga judicial foi a dona de casa Shyrlei, de 37 anos, que levou a filha para o primeiro dia de aula após a pausa emergencial de dez dias.
"Isso gera um prejuízo enorme, as crianças são as que mais sofrem com tudo isso. Esse volta não volta atrapalha a vida de todo mundo. Sabemos dos riscos que os professores correm, mas a educação é a base de tudo. É voltar com todo cuidado para evitar a contaminação", ressaltou a dona de casa.
ESCOLAS PREPARADAS
A SME garante que as 419 unidades da rede municipal estão preparadas para receber os alunos. Todas passaram por um processo de sanitização. O secretário de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, disse que a retomada das aulas presenciais é autorizada pelo Comitê Científico montado pela prefeitura.
Representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) não concordam com o retorno presencial das aulas. Dione Lins, coordenadora geral do Sepe reafirma que os professores da cidade do Rio estão em greve e que o sindicato nunca consultado pela Secretaria Municipal de Educação para discutir o retorno presencial nas salas de aulas.
"Tem muita gente assustada com o número de mortes que só aumenta. A vacina já está aí, não custa aguardar mais um pouco", diz a coordenadora.
ESPECIALISTA DIZ QUE MOMENTO NÃO É O IDEAL
A pesquisadora em saúde da UFRJ e membro do comitê de combate ao coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, afirma que ainda não é o momento certo para a retomada das aulas presenciais. Elas detalha quais são os cuidados necessários a serem tomados.
"Esse é o pior momento da pandemia. Infelizmente não é hora de retomar algumas atividades, mas buscamos entender a necessidade da educação. Com esse retorno, é importante que a família tenha consciência dos riscos. Primeiro ponto: se qualquer pessoa tiver algum tipo de sintoma de gripe, que seja diferente do dia a dia, precisa ser isolada com urgência. Ela não deve frequentar a escola. Essa consciência é muito importante. Da mesma forma, a escola precisa garantir a vigilância epidemiológica. Notificar qualquer caso e certificar se as medidas cobradas para evitar a propagação do vírus estão sendo tomadas".
BRIGA DA JUSTIÇA
O prefeito Eduardo Paes anunciou na semana passada a retomada das aulas presenciais depois da pausa emergencial para conter o avanço da Covid-19. Apesar da crescente no número de mortes e contaminados, o chefe do executivo municipal disse que o parecer para a volta dos alunos foi dado pelo Comitê Cientifico formado pela prefeitura.
No domingo (4), vereadores e deputados enviaram à justiça um ato popular pedindo a suspensão das aulas nas escolas do município. O juiz Roberto Câmara Lace Brandão, do Plantão Judiciário, concedeu a liminar favorável na noite do mesmo dia. Menos de 24 horas depois, juíza titular da 2ª Vara da Fazenda Pública Georgia Vasconcellos da Cruz, manteve a decisão, após a prefeitura recorrer.
Na terça, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, atendeu ao pedido da prefeitura e derrubou a liminar que impedia a presença das crianças nas escolas.
Figueira citou no novo documento que a prefeitura do Rio estava respaldada na ciência e que “os pais podem escolher se deixam ou não seus filhos frequentarem as aulas”.
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