Mudança no comportamento aumenta chances de contaminação por covidREPRODUÇÃO DE INTERNET

Por Jenifer Alves
Rio - O inverno chega ao Brasil no dia 21 de junho, e com ele, o aumento no índice de doenças respiratórias como o resfriado e a gripe. Desde o ano passado, aliado a essas condições sazonais, permanece ainda a infecção por coronavírus. O pesquisador da Fiocruz e coordenador do painel de monitoramento InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta para os riscos de transmissão dessas doenças, mas chama a atenção para os cuidados que devem permanecer em qualquer clima. 
Segundo ele, a queda de temperatura influencia no nosso comportamento, o que facilita a transmissão de vírus respiratórios, que é o caso da covid-19. Manter janelas fechadas, estar em locais com pouca ventilação e a maior proximidade entre pessoas, como no transporte público, auxiliam o contágio.
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"Como a ventilação dos ambientes é um fator importante para dificultar a transmissão, essa mudança de comportamento típica do inverno atua no sentido contrário. E isso ajuda a explicar porque usualmente temos aumento no número de casos de infecções por vírus respiratórios no inverno ou no período chuvoso", explica.
Gomes diz que, com relação à covid, o clima não tem sido um fator tão relevante quanto o comportamento coletivo. Ele destaca, inclusive, que os maiores picos de contágio da doença aconteceram em períodos em que as temperaturas estiveram mais elevadas, mas as medidas de restrição mais afrouxadas.
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"Encontros presenciais, uso ou não de máscaras adequadas, higienização, são pontos muito mais relevantes. Tanto é que no final do ano passado já tivemos pico similar ao inverno nos estados da metade sul do país, e em março deste ano o pico foi ainda maior. E essas duas fases de crescimento se deram em período de altas temperaturas, mas com muita movimentação de pessoas", explica.
O infectologista Dr. Renato Kfouri, presidente do Departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que não há preferência do vírus da covid-19 por temperaturas quentes ou frias, diferente da gripe e do resfriado, condições endêmicas que tem crescimento no inverno. Segundo ele, o grande problema é a superlotação no sistema de saúde que já está afogado com internações do corona.
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"Todo vírus quando chega novo não responde à questão da sazonalidade, de ter mais no inverno e no verão. Essa premissa não foi seguida pois vimos que a covid pegou bastante em Manaus no verão, nos Estados Unidos, no verão, na Europa. O que muda é o comportamento das pessoas, estar em ambientes fechados permitindo a sua propagação e já há uma sobrecarga do sistema de saúde no inverno por conta das síndromes gripais".
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio, informou que tem ciência sobre a sazonalidade das condições respiratórias e destacou que caso ocorra um aumento de pessoas nessas condições, haverá a ampliação da oferta de leitos. "A SMS reforça a importância da vacinação contra a covid-19 e a gripe, pois essas vacinas são consideradas essenciais para evitar a contaminação de pessoas durante esse período", disse.