Equipamentos foram trazidos à Policlínica Piquet CarneiroDivulgação

Por O Dia
Rio - Quem foi acometido pela covid-19 e se recuperou da doença se sente aliviado. Entretanto, algumas pessoas seguem sofrendo com os efeitos do vírus que as acompanham nas semanas após o fim da infecção. Dois equipamentos estão sendo grandes aliados no enfrentamento às sequelas do novo coronavírus – a oscilometria de impulso e ultrassonografia pulmonar. De utilização inédita na América Latina, os aparelhos compõem o ambulatório pós-Covid da Policlínica Piquet Carneiro, ligada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Ambos foram adquiridos através de uma verba destinada à pesquisa pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
"No ambulatório, temos duas avaliações pioneiras no Rio de Janeiro. Uma, da avaliação pulmonar pela oscilometria de impulso, que é um aparelho que mede o funcionamento do sistema respiratório de uma maneira muito simples. Não requer esforço do paciente e consegue fornecer dados para a equipe médica muito precisos sobre o acometimento da função pulmonar. Este é um aparelho pioneiro, não somente no estado do Rio de Janeiro, como no Brasil e na América Latina", explicou o médico e professor do serviço de pneumologia da Uerj, Thiago Mafort.
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Mafort afirma que, desde agosto de 2020, cerca de 400 pacientes já passaram pelo ambulatório. Em seis meses de acompanhamento dos pacientes, 80% já apresentam uma melhora dos sintomas.
"A maioria dos pacientes chegam aqui com muitos sintomas respiratórios e outros também, uma vez que a covid-19 é uma doença sistêmica que acomete todo o organismo. Ao longo do acompanhamento, temos visto uma melhora importante desses sintomas. Após nove meses, a grande maioria dos pacientes se recuperam. Além da oscilometria, fazemos a ultrassonografia do pulmão dos pacientes, que também é pioneira no estado, que faz também parte do processo de acompanhamento dos acometidos pelas sequelas da covid-19", completou o médico pneumologista.
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Modernidade a serviço do paciente no pós-covid
A oscilometria de impulso é simples: o paciente não precisa se esforçar, apenas respirar de maneira normal. O aparelho mede a resistência das vias aéreas através das ondas respiratórias, evitando uma expiração forçada, como é exigido na espirometria, também conhecida como teste de sopro. Com o aparelho, mais silencioso, o médico tem a dimensão mais exata do movimento respiratório dos bronquíolos.
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"A vantagem de utilizar este aparelho em pacientes pós-covid que ele é muito sensível e consegue detectar alterações que outros aparelhos e testes não têm essa capacidade. Esse é o grande diferencial", disse o coordenador do serviço de pneumologia da Uerj e professor da faculdade de medicina, Agnaldo José Lopes, que comentou os primeiros resultados da pesquisa.
Já com o uso do ultrassom no diagnóstico de sequelas da covid-19, a equipe pode fazer comparativo clínico com tomografia computadorizada, exame indicado para detecção dos sintomas da doença.
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"Cerca de 25% dos pacientes têm alterações da espirometria, metade têm alterações no ultrassom e quase 70% têm alterações na oscilometria de impulso. Ou seja, todos com acometimento na função respiratória. Esses resultados ajudam a guiar o tratamento de cada paciente com base nos principais sintomas, como cansaço, fadiga e tosse. São ministrados medicamentos específicos para cada um deles. Muitos pacientes também são encaminhados para fisioterapia respiratória para reabilitação", afirmou Lopes.
Estudantes da Uerj: possibilidade de aprendizagem na pandemia
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O time multidisciplinar conta, além de médicos, com fisioterapeutas e residentes de medicina da Uerj. Uma delas é Laura Monnerat, estudante do sétimo período, que faz parte do projeto de iniciação científica da universidade há quase um ano.
"Como estou desde o início no projeto, vi que superou todas as expectativas. No início, tivemos até uma certa dificuldade de captar os pacientes, mas, em pouco tempo, a procura cresceu. É interessante identificar o padrão de como os pacientes chegam e o grau de sequelas que cada um apresenta. Todos nós aprendemos juntos, inclusive, os próprios médicos estão aprendendo sobre essa doença, que é tão nova. Os pacientes chegam com queixas bastantes recorrentes, como falta de ar e a possibilidade grande cansaço ao realizar pequenos esforços", descreveu Laura.
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Qualidade de vida e esperança renovada
Em junho de 2020, Assed Filho ficou 37 dias entubado em uma unidade de saúde da capital. Dias de angústia para os familiares e incertezas. Depois de vencer a Covid-19, como ele mesmo gosta de afirmar, Assed precisou conviver com os efeitos da doença e, a partir de setembro, ele começou no ambulatório da Policlínica Piquet Carneiro.
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"Hoje, já consegui voltar com as minhas caminhadas diárias, embora ainda sinta um pouco de cansaço. Assim que saí do hospital, não andava, ficava só na cama e até precisei usar cadeira de rodas. Agora, até já lavo o quintal", contou Assed, de 60 anos, morador de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, que pretende voltar a jogar o tradicional futebol do fim de semana.
Márcia Corte da Silva teve covid-19 em setembro do ano passado. Dois meses depois, ela foi encaminhada para o ambulatório da Piquet Carneiro.
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"Não cheguei a ficar internada, mas foi um período muito ruim com a covid-19. Por ser diabética e hipertensa, tive complicações. Ainda sinto falta de ar, menos um pouco que antes, mas segue presente porque ainda apresento uma lesão no pulmão. Desde novembro, quando o tratamento começou aqui, venho evoluindo com melhoras gradativas", finalizou Márcia.