Mesas de madeira que eram transportadas por motorista: vereador disse que ele carregava máquinas caça-níqueisReprodução
Por Bruna Fantti e Aline Cavalcante
Publicado 29/06/2021 06:00
Rio -- O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores, Alexandre Isquerdo, informou, ontem, que irá solicitar à 12ªDP (Copacabana) cópia dos documentos referente à ocorrência envolvendo o vereador Gabriel Monteiro (PSD) e o motorista de um caminhão de frete. Na quinta-feira passada, conforme O DIA noticiou, o motorista foi acusado pelo vereador, sem provas, de trabalhar para a contravenção. Imagens mostram o trabalhador sendo agredido por homens com toucas ninjas, além de ter sido algemado. 
As agressões sofridas foram confirmadas por laudo do Instituto Médico Legal (IML). Com medo, o motorista fugiu do Estado do Rio. Os homens que o agrediram seriam os seguranças do vereador, que usa sua escolta parlamentar para realizar ações policiais, segundo a Justiça.
O motorista diz, ainda, que Monteiro arrombou o cadeado do seu caminhão e encontrou somente mesas de madeira, em vez de máquinas caça-níqueis. As algemas do motorista só foram retiradas com a chegada da Polícia Militar ao local.
"Após a reunião para tratar sobre o projeto de votação da cassação do vereador Jairinho, nós deliberamos sobre esse caso específico (do vereador Monteiro). Ainda não chegou uma denúncia oficial, mas tomamos conhecimento do que foi noticiado na imprensa. O que a gente pediu foi que o procurador levante mais informações, se há um inquérito policial, se a gente pode ter acesso a esses autos. Assim, a gente vai poder analisar com mais precisão, mais dados, e com mais elementos. É possível até de convocá-lo para responder sobre esse caso específico no conselho de ética", afirmou Isquerdo. 
A escolta de Monteiro, que era composta por policiais militares do Batalhão de Choque, foi retirada na sexta-feira,  após decisão judicial. A Justiça disse que cabe à Câmara oferecer a segurança. Além disso, o juiz relator do caso, Alberto Republicano de Macedo Jr, da I Turma Recursal da Fazenda Pública, afirmou em seu voto que o vereador passou a se valer da escolta da PM para realizar diligências. "Ao que parece, fogem ao escopo da atividade parlamentar (...). Isso porque o vereador agravante, mesmo alegando que está sendo ameaçado e sob risco de ter sua integridade física violada, realizou diligências que ostentam verdadeira natureza policial", escreveu, em um trecho.
De acordo com Isquerdo, atualmente, já foram encaminhadas seis representações contra Monteiro ao Conselho de Ética -- uma por cada mês de mandato do vereador. Duas delas discorrem sobre invasões em hospitais e abrigos, com o uso da escolta. Nas redes sociais, Monteiro diz que combate o crime. A defesa do vereador não atendeu as ligações da reportagem.
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