Policiais da DRF encontraram peças fúnebres como lápides e estátuas cristãs de bronze entre os objetos apreendidos na operação Caminho do Cobre Divulgação

Rio - Entre cabos, trilhos e diversos outros metais, uma estátua de Jesus Cristo e lápides de cobre. As peças chamaram a atenção de agentes da DRF (Delegacia de Roubo e Furtos) durante a operação 'O Caminho do Cobre', realizada no início do mês, após orientação do governador Cláudio Castro.
Os objetos fúnebres foram encontrados entre o material apreendido em uma recicladora em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio. Alguns cemitérios confirmaram que houve aumento do roubo de lápides e estátuas que costumam ser feitas de bronze (composto por 67% de cobre, o metal mais valioso no mercado da reciclagem). Segundo a apuração da especializada, o quilo deste produto costuma variar entre R$ 35 e R$ 40.
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"O cobre é um metal mais nobre e, por isso, tem um valor maior. Ele é um bom condutor de eletricidade e tem um bom percentual de reaproveitamento. Depois de ser derretido, a qualidade dele se mantém. Combinados a outros elementos, o cobre pode ser usado na indústria metalúrgica", explicou Gustavo Castro, titular da DRF.
No dia da operação, toneladas do metal foram apreendidas, 20 conduzidos à delegacia, cerca de R$ 200 mil em espécie foram encontrados e cinco empresas gigantes da reciclagem interditadas.
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"A inteligência da operação Caminho do Cobre descobriu a cadeia criminosa. O trabalho de investigação da Polícia Civil chegou aos ferros-velhos, empresas recicladoras e nas grandes indústrias que compram o produto final reciclado, identificando todo o ciclo desta atividade criminosa. Isso desencadeou esta primeira grande ação, que foi a primeira de muitas que ainda virão para combater esse tipo de crime, que tantos transtornos tem trazido à população", afirmou o governador do Rio, Cláudio Castro.
De acordo com o secretário de Polícia, Allan Turnowski, os grandes receptadores estão sendo investigados. "A diretriz dada pelo governador foi de ampliar as ações da Polícia Civil, combatendo todos os tipos de delitos, desde o de menor potencial ofensivo até os mais violentos. O furto de cobre traz grande desconforto à população, e a ideia é prender os grandes receptadores", disse.
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O Caminho do cobre: operação chega até as receptadoras - Arte O DIA
O Caminho do cobre: operação chega até as receptadorasArte O DIA


O setor de inteligência da DRF apurou que cinco empresas de reciclagem, localizadas na capital e na Baixada Fluminense, estariam comprando e revendendo peças de procedência duvidosa.  As investigações apontaram que os materiais eram furtados por usuários de drogas ou por funcionários de empresas e concessionárias, e revendidos para ferros-velhos. Esses, por sua vez, revendiam os produtos ilícitos para essas empresas do ramo de reciclagem.
De acordo com o delegado Gustavo Castro, o próximo passo agora é combater esse mercado no topo da cadeia, ao investigar as metalúrgicas.
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"As recicladoras vendem para as metalúrgicas. Cada caso é um caso, não podemos afirmar que todos compram produtos de procedência ilícita ou duvidosa. Mas, sabemos que alguns misturam essas peças entre as outras legalizadas, com a consciência de que parte do material não tem nota", finalizou.

A DRF também apurou que, além do cobre, as recicladoras também buscam por outros metais como alumínio, ferro e bronze. Segundo o delegado Castro, esse mercado movimenta bastante dinheiro. Só em uma nota fiscal constava a quantia de R$ 1 milhão de lucro.
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"Esses empresários também trabalham com outros tipos de materiais além do bronze, encontrados em peças de lápides e estátuas. São eles: alumínio, encontrado em grades; e ferro, como trilhos de trem", contou.
O crescimento de crimes relacionados a furtos de materiais de metais recicláveis fez com que, em janeiro deste ano, uma lei estadual fosse criada.
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O delegado explicou que esse crime afeta os serviços públicos porque os principais alvos dos criminosos são companhias de serviços de internet, telefonia e a Supervia.
"A Polícia Civil está atenta às demandas da sociedade e do próprio governo, porque esses furtos de cabos e equipamentos da Supervia têm causado grande transtorno na prestação dos serviços públicos com a interrupção do transporte ferroviário, suspensão de serviços de internet e telefonia", disse o delegado.