Publicado 09/07/2021 12:56 | Atualizado 09/07/2021 14:11
Rio - Dois homens identificados como Leonardo Guttemberg dos Santos Faria e Luiz Claudio Gomes do Nascimento foram presos, nesta quinta-feira, por estelionato. A prisão foi realizada após uma das vítimas avisar à 21ªDP (Bonsucesso) que encontraria com um dos criminosos no cartório de um shopping, na Zona Norte do Rio, para efetuar um pagamento. Segundo a unidade, a dupla é parte de uma quadrilha que aplica golpes com vendas de imóveis. Leonardo chegava a enviar vídeos para as vítimas apresentando as casas.
A vítima de 62 anos disse que iria pagar R$8 mil em espécie aos criminosos para em troca receber sete notas promissórias no valor total de R$13 mil. A quadrilha já havia recebido um depósito de R$55 mil na conta de uma mulher identificada como Juliana e mais R$8 mil na conta corrente de Luiz Cláudio, que atuaria como proprietário de imóveis.
Ao receberem a informação sobre a ação de um dos criminosos no cartório, os policiais realizaram uma campana para prendê-lo. No local, os agentes identificaram Luiz Cláudio Gomes se aproximando da vítima e após alguns minutos de conversa, ambos se dirigiram para a saída do shopping. O criminoso recebeu o envelope com o dinheiro, o qual, seria, segundo investigação, parte do pagamento de um imóvel. Quando Luiz Cláudio tentava pegar um carro de aplicativo, ele foi abordado pela equipe policial. Ele se apresentou para a vítima como pai de Juliana.
Ao ser preso, Luiz Cláudio informou que iria se encontrar com Leonardo Guttemberg em outro shopping para receber o dinheiro do golpe. Leonardo foi identificado por outra equipe da unidade que informou que ele tentou fugir e resistiu à ação dos policiais. Segundo a 21ªDP, foi necessário o uso da força para contê-lo e algemá-lo.
Luiz Cláudio confessou a sua participação nos crimes e disse que conhecia Leonardo há cerca de dois anos e que, no ano passado, aplicava golpes de venda de imóveis, ficando com cerca de 20% a 30% do valor. Segundo ele, Leonardo e Juliana ficavam com o restante. Ele disse que se passa pelo proprietário do imóvel e Leonardo finge ser o corretor, usando diversos nomes fictícios, como Maurício, Cleber e Queiroz. Leonardo não deu declarações.
Como o golpe é aplicado
Segundo a delegacia que investigava os criminosos, Leonardo atuava como líder do grupo e buscava imóveis em sites de venda, entrava em contato com os proprietários e conseguia autorização para realizar as negociações. O estelionatário buscava suas vítimas e após a visitação e interesse na compra, ele apresentava sua companheira Juliana Pereira de Andrade ou em alguns poucos casos, sua amiga Tereza Cristina Aguiar dos Santos como se fossem as proprietárias dos imóveis que estavam sendo vendidos.
No momento, Juliana se afastou dos golpes por conta de sua gravidez e do nascimento de seu filho. Por conta disso, Luiz Cláudio assumiu a função e passou apenas a participar do golpe no envio de mensagens às vítimas e no recebimento do dinheiro em sua conta.
O golpe se concretizava em um cartório, com o reconhecimento de firma de um documento particular de compra e venda, dando um aspecto de legalidade às vítimas, que então realizavam o pagamento do sinal pela compra do imóvel.
Após um período estabelecido, a vítima ia tentar tomar posse do imóvel e só então descobriria o real proprietário, não conseguindo mais contato com Leonardo.
Na delegacia de Bonsucesso (21ª DP), havia seis casos registrados de vítimas dos golpes da quadrilha. Foram instaurados inquéritos policiais com o indiciamento e a representação pela prisão dos estelionatários em cinco desses casos. Sendo um, em andamento. A quadrilha já responde por alguns processos no campo civil e criminal.
No Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI-RJ), Leonardo e Juliana, já respondem a inúmeros procedimentos disciplinares éticos, já tendo sido condenados em 1ª instância ao cancelamento das inscrições, mas os processos encontram-se em grau de recurso para a confirmação das penas.
No total, foram identificados 25 registros policiais onde Leonardo e pessoas que o ajudaram nos golpes foram identificados, desde 2016. O último caso foi registrado na 29ª DP (Madureira) no dia 1º de junho de 2021, gerando um ganho ilegal, de mais de R$ 1 milhão.
Após a prisão desta quinta-feira, três vítimas realizaram registros na 21ª DP, totalizando agora, 28 casos identificados da associação criminosa na prática de estelionatos.
Segundo o delegado titular da unidade, Dr. Hilton Alonso, é necessário alguns cuidados a serem tomados na compra de um imóvel, para que o sonho da aquisição da casa própria não se torne um pesadelo, tais como: 1- Exigir o RGI da unidade; 2- Exigir as Certidões Negativas (Vendedores e do imóvel); 3- Consultar a situação fiscal e enfitêutica do imóvel a ser adquirido, 4- Pesquisar no site do TJRJ o CPF dos vendedores/proprietários e, finalmente, 5- Só efetuar o Sinal (ou entrada), na presença dos vendedores, que constem no RGI competente.
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