Publicado 09/08/2021 12:30
Rio - Apesar da pandemia, centenas de pessoas se reuniram nos bares ao redor da Praça Santos Dumont, no Centro de Nilópolis, para assistir à partida entre Flamengo e Internacional, na noite do último domingo (8). Mas o clima de desconcentração virou pesadelo quando o guarda municipal Max Aurélio da Costa Biasotto Ferreira disparou contra o policial militar Cristiano Loiola Valverde, de 39 anos, durante uma briga. Ambos estavam de folga; o cabo morreu no local, e o guarda foi preso em flagrante. Na manhã desta segunda, os buracos dos tiros ainda eram vistos no chão da rua.
Parentes de Cristiano Valverde estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu para liberar o corpo. O corpo do PM será velado nesta terça-feira (10) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, e o sepultamento acontece às 11h.
Segundo testemunhas, Max Aurélio chegou a disparar cerca de 20 vezes contra o policial, que teria tentado apartar uma briga, mas terminou sendo atingido. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga o caso e tenta descobrir as motivações do confronto, que começou no bar 'Xurraskim' e foi parar na praça, onde o guarda municipal foi imobilizado por populares. Um policial à paisana que estava no local o prendeu em flagrante.
Max Aurélio descarregou o primeiro pente e deu aproximadamente 15 tiros. Logo em seguida, houve correria no local e ele conseguiu colocar um novo carregador na pistola, efetuando ao menos outros cinco disparos. "As pessoas estavam assustadas, foi muita correria. Ninguém sabia o que estava acontecendo, quando perceberam já tinha uma pessoa caída no chão completamente ensanguentada. Era um momento de lazer, era Dia dos Pais, e as pessoas queriam aproveitar o fim do dia. Acabou nessa loucura toda", relatou uma testemunha que não será identificada.
Além de matar o policial, os disparos também atingiram uma segunda pessoa. Alexandre Severino Martiniano, de 38 anos, foi baleado no pé direito. Ele deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) na madrugada desta segunda-feira (9), e na sequência transferido para o Hospital Juscelino Kubitschek, em Nilópolis. O estado de saúde é estável.
'A vida não avisa quando vai acabar', escreveu o policial horas antes do crime
Valverde ingressou na PM em 2014 e trabalhava atualmente na Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP). Ele também atuou como segurança particular do vereador de Nilópolis Anderson Campos (Republicanos). Horas antes da morte, Valverde chegou a publicar uma mensagem de Dia dos Pais nas redes sociais: "Valorize seu pai, sua mãe, sua família e seus amigos. A vida não avisa quando vai acabar". Ele deixa uma filha adolescente. Ainda não há informação sobre o sepultamento.
'Todo mundo quer ser xerife', diz moradora do local
Localizada na área central de Nilópolis, a Praça Santos Dumont, popularmente chamada de Praça da Soares Neiva, sempre foi considerada pelos moradores um espaço tranquilo de convivência, onde crianças costumam brincar na quadra de futebol nos finais de semana. A vizinhança, no entanto, lamenta que a presença de pessoas armadas nos estabelecimentos tenha aumentado nos últimos meses.
"Entendo que policiais, seguranças, sofrem perigo e precisam andar armados. Mas o problema é que todo mundo quer bancar o xerife. Não dá para conviver com tranquilidade num ambiente em que todos desconfiam de todos. Qualquer confusão deixa a gente em prontidão. Prefiro nem colocar os pés", comentou uma moradora da região.
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