Publicado 11/08/2021 16:14 | Atualizado 12/08/2021 09:10
Rio - Com o início da volta às aulas na rede municipal de ensino, professores têm denunciado diversos problemas dentro das escolas, como superlotação de salas de aulas, o não distanciamento entre as mesas, problemas na distribuição de merendas para os alunos e falta de estrutura. Uma educadora, que não se identificou por medo de represálias, relatou ao DIA que seu celular é 'fiscalizado' constantemente para que ela não possa fazer denúncias.
"Eles estão mandando colocar até 35 alunos dentro de cada sala. Na minha escola, o diretor tinha feito a medida com a distância de um metro de uma mesa até a outra, e deu, no máximo, 20 mesas em uma sala. A coordenadoria foi avisada disso e disse que todas as aulas das escolas tinham a mesma metragem e que caberia as 35 mesas. Então, foram colocadas essas mesas. Resultado: não dá nem meio metro de distância de uma mesa até a outra", contou uma outra professora da rede municipal, que também não quis se identificar.
Ainda de acordo com a educadora, em uma de suas salas, um aluno do 6º ano pegou um régua e mediu a distância de sua carteira com a de seu colega ao lado, marcando apenas 30 centímetros de espaçamento. "Então, não há distanciamento social. Eles [a Prefeitura e a Secretária de Educação] acham que é um bom momento para juntar todo mundo", explicou.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), diversas denúncias na rede municipal de ensino foram recebidas pela organização e os problemas não são casos isolados, mas generalizados nas escolas. "Infelizmente, o que está acontecendo é o que a gente disse que ia acontecer. A gente não falou isso porque queria ou porque temos 'bola de cristal', é porque são muitos anos nessa rede e nós sabemos que nossas turmas são historicamente lotadas. Quando voltasse 100%, era isso que iria acontecer. Eles não conseguiriam respeitar o distanciamento, os protocolos e tudo mais", pontuou a coordenadora do Sepe, Duda Quiroga.
Nas denúncias, as escolas Tasso da Silveira, Irineu Marinho, além do Espaço de Desenvolvimento Infantil Professora Maria Berenice Parente são citadas como instituições que registraram superlotação nas salas de aula.
"Acho que temos que ter políticas públicas para o que é público. Então, a orientação do governo tem que ser clara, mas não pode ser clara no sentido de 'volta todo mundo porque eu interrompi o cartão alimentação', porque é isso que está acontecendo na prática. Não dá para receber todo mundo, as escolas não estão preparadas para isso. Infelizmente o prefeito preferiu ir para televisão fazer 'merchandising' do que fazer obras estruturais nas escolas", completou a coordenadora.
A questão da merenda
De acordo com o Sepe, também há denúncias de uma escola na Barra da Tijuca, onde a alimentação dos alunos foi reduzida. A organização chegou a receber a informação de que cada criança estava recebendo um quarto de uma maçã e almoços com pão com ovo e água. Em razão disso, o sindicato informou que interrompeu uma greve no dia 1 de julho e voltou às atividades presenciais para apurar as denúncias de não cumprimento de protocolos que chegavam após a permissão do retorno de 100% das turmas ao ensino presencial.
Nesse caso, uma educadora, que teve sua identidade preservada, contou que estava sendo impedida de fazer denúncias a respeito da redução na alimentação dos alunos, pois os celulares dos funcionários estavam sendo constantemente fiscalizados por seus superiores.
O que diz a SME
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que cumpre um rigoroso protocolo sanitário, seguindo as determinações sanitárias da Secretaria Municipal de Saúde e do Comitê de Enfrentamento à Covid-19. O órgão garante que o distanciamento social é respeitado e as medidas de proteção adotadas por toda a comunidade escolar. "A informação de superlotação é falsa", completou a SME.
Na questão da merenda, a SME afirmou que são 1.542 escolas municipais funcionando com aulas presenciais e podem ocorrer alguns problemas pontuais, como atraso na entrega de determinados itens por conta de problema de logística do fornecedor.
"Quando isso ocorre, as Unidades Escolares estão orientadas a substituí-las de forma a garantir o atendimento. Toda a comunidade escolar, incluindo representantes de pais e responsáveis, acompanha e sabe que os cardápios da merenda das escolas municipais são equilibrados e nutritivos", finalizou a nota.
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