Ex-vendedora de empresa de telefonia vítima de tentativa de estupro mostra a 'salinha da sarrada'Reprodução Internet
Publicado 18/08/2021 07:35
Rio - A ex-vendedora da Tim divulgou uma foto em que mostra o local onde sofreu uma tentativa de estupro por parte de dois colegas de trabalho. O lugar era uma cozinha pequena, em que os funcionários usavam para esquentar comida e foi batizado de "salinha da sarrada" pelos acusados.
"Onde vivi o pior dia da minha vida, na 'sala da sarrada'", escreveu a mulher, que foi demitida por justa causa da loja da operadora de telefonia.
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De acordo com a vítima, a empresa alegou que a ela estava "ferindo a honra de seus superiores e colegas de trabalho, quebrando o código de ética da TIM". No entanto, a operadora negou as acusações afirmou que afastamento da vendedora se deu por "causas anteriores e totalmente alheias aos fatos relatados" e que "afastou do trabalho os dois colaboradores arrolados no inquérito".
Os dois acusados foram demitidos na última sexta-feira (13), depois que a Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público por estupro e coação no curso do processo.
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Segundo a 23ª DP (Méier), onde o caso foi registrado, os dois homens foram indiciados por importunação sexual, difamação e coação no curso do processo, pois, de acordo com as investigações, tentaram impedir que a mulher prosseguisse com o caso.
Entenda o caso
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Uma vendedora foi demitida por justa causa após denunciar uma tentativa de estupro que sofreu por dois colegas de trabalho na loja da TIM Norte Shopping. De acordo com a vítima, o assédio aconteceu um dia antes de entrar de férias, no dia 15 de abril, por um consultor e o gerente geral da unidade. Em um longo desabafo em suas redes sociais, ela afirmou que era humilhada e recebia constantes ameaças deles, caso continuasse com as denúncias. O caso está sendo investigado pela 23ªDP (Méier).
"Eu vivi o pior dia da minha vida. Entrei na cozinha como de costume, subi para beber água e fui pega de surpresa pelo meu colega de trabalho, um consultor igual a mim e pelo meu gerente geral. Eles apagaram a luz e fui empurrada para o gerente pelo 'colega de trabalho'. Minha mente paralisou na hora, não conseguia assimilar por que comigo e o por que de estarem fazendo aquilo, foram minutos angustiantes. Ele passou a mão no meu corpo, ele pressionava tão forte o seu corpo contra o meu e beijava o meu pescoço de forma rígida e rápida, enquanto continuava passando a mão no meu corpo, enquanto eu pedia para ele parar e quando vi que seria dali para pior, lembrei de uma "colega de trabalho" que tinha subido junto comigo porque marcamos de almoçarmos juntas", disse a vendedora.
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Ela contou que começou a gritar pela mulher várias vezes até que ela veio socorrê-la, mas ao tentar abrir a porta, não conseguiu, porque os homens haviam trancado. Segundo ela, em todo momento eles ficavam rindo da situação, enquanto sua agonia aumentava.
"Quando essa colega fala: 'denuncia eles' (pelo canal interno que a TIM disponibiliza), eles abriram a porta e eu consegui sair. Seguro na mão dela meio trêmula e falo que estou nervosa. Depois subimos para almoçar e contei a ela o que tinha acontecido e que estava com muita vergonha. Entrei de férias no dia seguinte e somente quis esquecer tudo aquilo. Porém o meu corpo e mente já estavam corrompido pelo que fizeram comigo, então voltei no dia 03.05.2021 e só de pisar na loja eu me tremia, subia para sala do ar de condicionado e chorava sozinha, ainda com muita vergonha e medo de perder o emprego e ainda sem entender o porquê eles fizeram isso comigo", continuou.
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Ela disse que era uma das melhores vendedoras, recebia premiações e sempre foi gentil com todos. No entanto, após esses episódios de assédio seu rendimento começou a cair, desencadeando crises de ansiedade e depressão.
"De tanto conversar com essa 'colega de trabalho', descobri que ele (o gerente) estava dizendo para todos que não me pegou porque não quis, me humilhando e me ameaçando junto com o consultor caso eu continuasse com a denúncia, lembrando que eu estava no meu ambiente de trabalho. Meu rendimento caiu, não conseguia mais atender um cliente, porque eu sempre estava com lágrimas nos olhos, mas ainda sim tentando ser profissional com o gestor e com o colega de trabalho. Mal eu sabia ali que me calando, eu estava me sufocando por dentro, desencadeando a minha depressão".
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Segundo a vendedora, ela tomou coragem e resolveu fazer uma denúncia interna na TIM e responder uma avaliação da gestão do gerente geral. "Mal eu sabia que minha vida se tornaria ainda pior. Aí começou o olhar de cara feia, a exclusão dos grupos de trabalho para o meu bom desempenho profissional, até que no dia 01.06.2021 ele me chama até a sala e depois chama os dois colegas de trabalho que presenciaram, que eu fui atacada, humilhada de várias formas, ameaçada e coagida, simplesmente porque ele teve acesso a denúncia e a avaliação da sua gestão que eu claramente respondi de forma negativa a gestão dele".
A vítima disse que mesmo muito abalada, nesse mesmo dia, registrou um Boletim de Ocorrência na 23ªDP (Méier) e depois foi parar no hospital. "Enviei o R.O e o atestado médico de 2 dias para minha coordenadora e manager, em forma de um pedido de ajuda que nunca veio, ainda fui chamada de Priscila por uma MANAGER que sequer prestou qualquer ajuda ou procurou saber meu nome. No outro dia a minha ansiedade estava pior, eu estava extremamente abalada a ponto da médica pedir vigilância da família sobre mim e me dando outro atestado, agora de 5 dias".
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"No último dia de atestado em um domingo recebi uma mensagem via WhatsApp da coordenadora pedindo para que eu fosse para loja da TIM NYCC, um detalhe muito importante que a mesma coordenadora e manager, queria que eu voltasse para mesma loja do Norte Shopping. Queria que eu convivessem com os meu abusadores, mas depois de muita insistência enfim fui. Não estava bem mas não queria agir de má fé com a empresa colocando mais atestados. Quando chego na loja sou bem recebida, porém novamente tive uma crise intensa de ansiedade e pedi ao gerente para subir e ficar lá esperando o meu namorado me buscar para me levar para casa. Então subo e logo em seguida para minha surpresa o gerente fala que a coordenadora está na loja e queria falar comigo, pedi a ele para que ela subisse pois não estava bem e quando a mesma subiu me demitiu por justa causa, no meio de uma crise de ansiedade e me demitiu de forma humilhante, falando sobre eu ter ferido a honra dos meus superiores e colegas de trabalho, quebrando assim o código de ética da TIM".
"Depois de tudo isso que vivi, me senti perdida, só chorava e meu corpo queimando, dor no peito, minhas mãos suadas, até vir o diagnóstico de depressão, ataque de pânico e estresse pós-traumático. Só queria a ajuda da empresa, eu estava falando a verdade, não teria motivo para mentir e destruir minha carreira e minha vida. Agradeço do fundo do meu coração os policiais da 23ªDP, que investigaram a fundo e indiciaram os dois. Essa dor que sinto, essa ansiedade e ataques de pânico, se Deus quiser irão passar uma dia. Mas eu nunca vou esquecer o que esses dois fizeram e a ajuda que pedi e não tive. Agradeço a Deus pela família maravilhosa que tenho, pelo meu namorado, por terem ficado ao meu lado em todos esses momento. Que a TIM mude a sua estrutura de 'denúncias anônimas', que ouçam mais os seus funcionários, pois o meu namorado ainda está lá de forma profissional buscando tirar um sustento para nossa família, e sei que existem mais casos semelhantes e que muitas se calam mediante o silêncio da empresa", encerrou.
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Procurada pela reportagem de O DIA, a TIM informou que "repudia qualquer situação de assédio" e esclareceu que "o caso encontra-se sob apuração sigilosa por parte das autoridades competentes, motivo pelo qual tem se mantido respeitosamente silente." A empresa também lamentou o episódio e disse que entrou em contato com a ex-colaboradora para prestar apoio e suporte psicossocial a toda sua família. A operadora ainda afirmou que afastamento da vendedora se deu por "causas anteriores e totalmente alheias aos fatos relatados" e que "afastou do trabalho os dois colaboradores arrolados no inquérito."
Confira a nota na íntegra:
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"A TIM repudia qualquer situação de assédio e esclarece que o caso encontra-se sob apuração sigilosa por parte das autoridades competentes, motivo pelo qual tem se mantido respeitosamente silente. A empresa lamenta a situação exposta pela ex-colaboradora e informa que entrou em contato com a mesma para prestar apoio e suporte psicossocial a toda sua família. A empresa esclarece que qualquer decisão tomada com relação a seus colaboradores é sempre feita de forma imparcial e baseada em fatos apurados e documentados. Assim, o afastamento da colaboradora se deu por causas anteriores e totalmente alheias aos fatos relatados. A TIM trata com máxima atenção, seriedade e sigilo as denúncias e manifestações recebidas em seu Canal de Denúncias, como ocorreu no presente caso. Em função da abertura do processo criminal, a empresa afastou do trabalho os dois colaboradores arrolados no inquérito."
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