Publicado 03/09/2021 19:25
Rio - A Justiça do Rio quebrou os sigilos bancário e fiscal de sete empresas ligadas à Ana Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada pelo G1. O Ministério Público do Rio suspeita que as empresas tenham sido usadas para ocultar dinheiro recebido pela suposta prática de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Ana Cristina foi chefe de gabinete do vereador entre 2001 e 2008. Segundo o G1, através de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), empresas ligadas a ela realizaram movimentações financeiras atípicas, o que reforça "a hipótese de que [essas empresas] possam ter sido utilizadas para ocultação do desvio dos recursos públicos oriundos do esquema da rachadinha na Câmara de Vereadores".
Ana Cristina Siqueira Valle é mãe de Jair Renan, o filho "04" do presidente Jair Bolsonaro.
TJRJ quebra sigilo fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) já havia determinado a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro. O pedido para a quebra de sigilo foi feito pelo MPRJ. A decisão é da 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado do TJRJ, do último dia 24 de maio.
Desde o início da investigação, segundo o G1, esta é a primeira vez que o Ministério Público levanta a possibilidade de um esquema de "rachadinha" no gabinete de Carlos na Câmara de Vereadores. Pelo regulamento da Câmara, os assessores precisam cumprir uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Mas, segundo o MPRJ, há indícios de que vários dos assessores contratados pelo parlamentar ao longo dos seus seis mandatos não cumpriam expediente na casa e podem ser considerados funcionários "fantasmas".
O Ministério Público solicitou a quebra dos sigilos para saber se a contratação desses possíveis funcionários fantasmas foi ou não uma maneira utilizada por Carlos Bolsonaro para desviar salários. O órgão identificou que o vereador manteve e usou grandes quantias de dinheiro em espécie ao longo dos mandatos. O MP ressaltou três episódios que demonstram a prática.
O primeiro aconteceu em 2003, quando o parlamentar pagou R$150 mil em espécie na compra de um apartamento no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio. No ano de 2009, ele entregou R$15,5 mil, também em espécie, para cobrir um prejuízo que teve na bolsa de valores. Por fim, durante a candidatura para reeleição ao cargo de vereador em 2020, ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter R$20 mil em espécie guardados em casa.
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