Publicado 09/09/2021 11:01 | Atualizado 09/09/2021 11:44
Rio - A família de Raoni Lázaro Barbosa espera a saída do cientista de dados da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira, 23 dias após ser preso ao ser confundido com um miliciano, em uma operação da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). Erica Armond, esposa de Raoni diz que chegou a perder seis quilos durante o período que o marido esteve preso. "Foi desesperador! Eu chorava dia e noite, passava as noites em claro, rezando por ele e perdi 6kg porque não conseguia comer nada. Não tinha qualquer noção de como tinha que agir juridicamente. Ficamos perdidos", conta.
Raoni foi preso no dia 17 de agosto, confundido com um miliciano identificado como Raony, com Y, conhecido como Gago. De acordo com as investigações da especializada, o criminoso era responsável por cobrar taxas impostas pelo grupo paramilitar aos moradores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Uma foto foi utilizada para reconhecimento do cientista de dados, prática já analisada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que deve ser empregada apenas com o auxílio de outros elementos e não como fator principal para a prisão de um acusado.
Fabio Manoel, advogado de Raoni, explica que nenhum outro elemento foi levado em consideração no reconhecimento do cientista de dados. "Ele foi reconhecido por fotografia, não houve nenhum reconhecimento de nenhuma testemunha presencial e a Justiça decretou a prisão dele, sem ouvi-lo, só que ele não é a pessoa que estavam investigando, a delegacia já reconheceu o erro", destaca.
Ainda segundo ele, outro erro do inquérito é que Raoni mora em Campo Grande e o criminoso alvo da polícia atua em Duque de Caxias. "As testemunhas afirmaram que ele era de Duque de Caxias e o Raoni é de Campo Grande. Então assim, tem diversos erros no processo que a polícia reconheceu e pediu ontem a revogação da prisão", explica.
A defesa de Raoni entrou com um pedido de habeas corpus, mas foi negado, na quinta-feira em decisão da desembargadora Denise Vaccari, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.
A esposa de Raoni destaca que espera que ele seja inocentado da acusação. Segundo ela, a polícia chegou à casa do casal às 6h e não informaram o motivo da prisão. "Do nada bateram no nosso portão, eram umas seis horas da manhã e vieram com um mandado de prisão. A cara do Raoni, as fotos que a gente tirou no momento da prisão, é nítido que a gente ficou desesperado, principalmente porque a gente não sabia qual era a acusação, a gente só foi saber mais de uma semana depois", conta.
Érica diz que a sua maior preocupação no momento é a posição do marido com relação ao emprego que ele precisou pedir licença enquanto estava preso."Eu espero que ele não perca o emprego dele porque ele batalhou muito e também que limpem o nome dele porque não é justo. A pessoa passou a vida inteira trabalhando, estudando e acontecer isso assim do nada por um reconhecimento incorreto e a gente acaba pagando por isso" desabafou.
Agora, a mulher do cientista de dados segue na expectativa de poder abraçá-lo, após quase um mês separada do marido por conta da prisão. Ela também critica a demora no reconhecimento do erro que o levou preso. "A expectativa agora é de abraçá-lo, né? Dele ver que a gente conseguiu e de justiça também porque nesse tempo todo que ele ficou lá, em nenhum momento quiseram ver que ele tinha prova suficiente pra ele ser inocentado. A gente não precisaria de tudo isso acontecer pra ele ser solto. Bastava terem visto o erro desde o início", explica Érica.
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