Publicado 14/09/2021 09:44
Rio - A Justiça negou no último domingo (12) um pedido de liminar, ou seja, medida provisória e em caráter de urgência, para que Glaidson Acácio dos Santos e sua empresa G.A.S. Consultoria e Tecnologia Ltda apresentassem, antecipadamente, comprovantes das transferências e depósitos feitos à IURD que totalizam R$ 72,3 milhões em doações entre maio de 2020 e julho de 2021. A Igreja queria antecipar a produção de provas para se defender de eventuais investigações no caso por ter recebido as doações de Glaidson, que é ex-pastor da Universal.
Glaidson está preso acusado de comandar uma pirâmide financeira bilionária de investimentos em criptomoedas.
A juíza Luciana Cesario de Mello Novais, da 1ª Vara Cível da comarca de Cabo Frio, negou o pedido e justificou não ser necessária a antecipação da produção de provas por parte da Igreja Universal. A magistrada afirmou que o processo pode seguir seu curso normal.
"Não constam nos autos elementos que evidenciem o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Da Inicial, infere-se o receio da parte autora em ser indiciada por crimes que, porventura, tenham sido praticados pelos réus; e, ainda, em ser instada a prestar esclarecimentos ao COAF e demais autoridades monetárias, fatos que ainda não ocorreram. Assim, não vislumbro perigo de dano, a justificar a concessão de liminar sem a prévia oitiva dos réus. Não há que se falar em risco ao resultado útil do processo, tendo em vista que a documentação pretendida poderá ser apresentada à parte autora, a qualquer tempo. Ante o exposto, indefiro (nego) o pleito liminar", decidiu a juíza.
Além da identificação das contas bancárias que originaram as doações milionárias, a instituição religiosa pedia documentos fiscais que demonstrem a origem lícita dos valores doados; e documentos contábeis da G.A.S, aptos a comprovar o devido registro das doações realizadas.
A partir de maio de 2020, ocorreu expressivo aumento no volume de doações recebidas no templo de Cabo Frio. Os valores doados chamaram atenção. Nos últimos 14 meses, houve a transferência de R$ 12,81 milhões realizada por Glaidson, fiel da Igreja, e R$ 59,49 milhões pela G.A.S., totalizando R$ 72,35 milhões, entre maio de 2020 e julho de 2021, quantia que foi depositada de maneira aleatória, parcelada e sem comunicação prévia, segundo a IURD.
Na ação, a Igreja Universal afirma que a liderança local do templo indagou Glaidson sobre as doações e o investidor preso afirmou que passava por uma fase de grande prosperidade econômica com atividades desenvolvidas nas áreas de tecnologia e produção de softwares. Posteriormente, procurado pelo bispo líder da igreja, Bispo Jadson, o qual procurava maiores esclarecimentos sobre a real motivação das doações diante da exorbitância dos valores, Glaidson desligou-se da igreja sem explicação.
A IURD alega que passou a buscar informações a partir de dados públicos e constatou que a sede da G.A.S é localizada no mesmo endereço da NS psicologia, investigada em inquérito policial. A Igreja também afirma que Glaidson fez doações em bitcoins, por mecanismos que se aproximam das chamadas pirâmides financeiras.
A Igreja Universal alega ter receio de acabar sendo envolvida, investigada ou acionada por crimes que não praticou pelo simples fato de ter recebido as doações. Por isso, solicitou à Justiça que Glaidson e sua empresa comprovem a origem ou lastro dos valores depositados em doações. A documentação era solicitada para que a igreja preste esclarecimentos às autoridades monetárias.
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