Publicado 15/09/2021 11:51
Rio - A mobilização de vizinhos em um condomínio no bairro Sarapuí, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, salvou a vida de uma vítima de violência doméstica na tarde desta terça-feira (14). Maria José estava sendo vítima de espancamentos e cárcere privado desde sábado (11), até que a vizinhança se mobilizou pelo grupo de WhatsApp para interromper as agressões e denunciar o autor, que foi preso em flagrante ontem (14).
A delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias informa que a vítima estava sofrendo agressões diariamente, após um período sem sofrer violência. Fernanda Fernandes diz que é comum que a violência doméstica se interponha a períodos de "calmaria". O filho da vítima de quatro anos também era ameaçado e agredido por Vitor Batista, de 32 anos.
"As agressões começaram gratuitamente no sábado. Ela já vinha sendo agredida há nove meses, mas com pausas, como geralmente acontece na violência doméstica. O agressor geralmente se arrepende depois que agride muito, pede desculpas. Agora, tem uma semana que ela vem apanhando de forma reiterada. Ontem (14), culminou com todas as agressões. Quando ela pediu socorro, o autor começou a agredi-la dizendo que iria matá-la. Mas, os vizinhos filmaram e foram até a residência dela e isso impediu o feminicídio", afirma a delegada Fernanda Fernandes.
Vitor foi filmado na tarde desta terça-feira (14) agredindo a mulher grávida de três meses no apartamento em que o casal morava com o filho da vítima. A ação foi registrada por vizinhos que acompanhavam o histórico de violência contra a mulher e se mobilizaram no grupo do condomínio para apoiar a vítima. Nas imagens, Maria José chega a tentar se jogar pela janela para fugir do agressor. O homem fecha a janela ao perceber que está sendo filmado. Após a gravação, os vizinhos foram ao apartamento e o espancamento cessou.
Na véspera, a vítima já havia pedido socorro em um bilhete lançado pela janela. O companheiro, soldador e motorista de aplicativo, percebeu o pedido e prometeu matar a vítima. Ele foi preso em flagrante por agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias por volta das 14h30 por tentativa de feminicídio, perseguição (stalking) e cárcere privado. Na unidade policial, Vitor afirmou que as sessões de espancamento eram "apenas uma briga de casal".
Por volta das 13h de terça-feira, policiais civis da Deam receberam, por diversos meios de comunicação, vídeos que davam conta de agressões. Durante as investigações, os policiais constataram que Maria José vinha sendo mantida em cárcere privado desde o último sábado (11), quando recomeçaram as agressões físicas e psicológicas. A vítima foi por conta própria à delegacia, apoiada pelos vizinhos.
Para tentar esconder as marcas das lesões e não provocar o aborto do filho gestado pela vítima, o autor passou a agredir a vítima com tapas e socos na região da cabeça.
Em maio, Maria José chegou a se jogar da janela para se livrar das agressões. Ela fraturou o pé e precisou passar por uma cirurgia e, segundo a polícia, precisou esconder os reais motivos das lesões para não ser morta.
"Ele tinha ciúme e era muito possessivo, não me deixava ir para rua, só para o trabalho. Inclusive perdi meu emprego. No que ele me agredia, eu ficava marcada e não podia trabalhar. Eu inventava desculpas, porque eu ficava dentro de casa", conta Maria José em entrevista ao RJTV2 da TV Globo. A vítima completou que acreditava que o companheiro mudaria de comportamento, por isso não o denunciava.
"Ele tinha ciúme e era muito possessivo, não me deixava ir para rua, só para o trabalho. Inclusive perdi meu emprego. No que ele me agredia, eu ficava marcada e não podia trabalhar. Eu inventava desculpas, porque eu ficava dentro de casa", conta Maria José em entrevista ao RJTV2 da TV Globo. A vítima completou que acreditava que o companheiro mudaria de comportamento, por isso não o denunciava.
Maria José foi encaminhada para o Centro Integrado/Especializado de Atendimento à Mulher (CIAM) para tratamento psicológico e para a Assistência Social para realizar encaminhamentos e verificar benefícios sociais. A criança foi encaminhada para acompanhamento no Centros de Atenção Psicossocial (Capsi).
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