Publicado 21/09/2021 15:12
Rio - O Reservatório Equivalente do Paraíba do Sul que abastece o estado do Rio de Janeiro está operando com 24,17% da capacidade, segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), divulgados no último domingo (19). Um ano antes, em 19 de setembro de 2020, o reservatório acumulava 32,23% de água. De acordo com especialistas, ainda não há um risco iminente de apagão devido à escassez de água, no entanto, a situação é preocupante.
Segundo o professor Carlos Eduardo Canejo, Coordenador e Professor da Graduação em Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida (UVA), a matriz energética brasileira tem uma vinculação muito grande com a fonte hídrica, que é totalmente vinculada à incidência pluviométrica. Quando há um período de maior estiagem, há um impacto direto no volume dos reservatórios, colocando em risco a oferta de energia elétrica.
“Há risco de apagão, mas não é uma questão que vai acontecer nem hoje e nem amanhã. Os nossos reservatórios ainda têm capacidade de atender às nossas demandas por mais algum tempo. Entretanto, caso haja nenhuma manutenção desse estado de estiagem, é preocupante. Também não para um cenário daqui a dois ou três meses, porque há outras formas da gente redistribuir essa energia e atender as demandas na matriz energética nacional, na rede energética nacional. Então, é algo que exige bastante atenção, mas o risco de apagão nos próximos dois, três meses ainda não deve ser considerado alto”, disse
De acordo com a empresa Light Energia, a energia consumida no Rio é produzida por diversas usinas, de todo o Brasil, que estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Então, caso haja uma falta de energia em outros estados, o Rio poderá ser afetado.
“Eu conversei com o pessoal da ANA na semana passada e eles acham que a crise hídrica é para o ano que vem, mas, dependendo da bacia, a gente está vendo que não é bem assim. Lembrando que o Paraíba do Sul tem um desvio para abastecer a Grande São Paulo. Então, agora tem que conduzir com muito cuidado”, alertou o professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Marcos Freitas.
A empresa Light Energia informou que as usinas, no momento, estão operando normalmente e que tem investido continuamente no desenvolvimento de novas tecnologias e no trabalho preventivo de manutenção para garantir a entrega de energia com qualidade aos clientes em toda a sua área de concessão.
Para evitar que haja falta de energia, segundo os especialistas, algumas medidas devem ser tomadas, tanto por parte do governo, quanto da população, como evitar banhos demorados, tirar eletrônicos da tomada quando não estiver em uso e evitar abrir a geladeira constantemente.
“As medidas são as mais simples possíveis. Racionalizar o uso dos equipamentos eletroeletrônicos, em especial, os equipamentos elétricos como ar-condicionado, ferro de passar roupa e todos esses que têm maior consumo energético. Esse é um ponto importantíssimo. Racionalizar o uso das luzes, se possível deixar os espaços mais abertos com incidência solar. São pequenas ações que reduzem drasticamente o consumo e isso evita com que a gente tenha um cenário mais acelerado, que potencializa os riscos de um eventual apagão”, disse o professor Carlos Eduardo.
Segundo o professor Marcos Freitas, o governo está tomando medidas para evitar um eventual apagão, mas ainda é pouco para a situação atual.
“O governo está tentando uma eficiência energética, diminuir o consumo no setor público e residências, mas ainda é muito tímida. Poderiam fazer a importação de térmicas e energias, aumentar a geração, receber barcaças, que começam a injetar energia, injetar mais megawatts. Nas residências, o que as pessoas estão fazendo é diminuindo bastante a climatização dos ambientes, por causa da tarifa de energia. Precisa ter bastante atenção aos equipamentos que ficam ligados o tempo inteiro, como a geladeira, se está fechando bem, colocar o termostato, concentrar a lavagem de roupa para alguns dias da semana, e o banho, se puder, ser frio, melhor. Quem tem chuveiro elétrico, deve reduzir o tempo do banho”, aconselhou Marcos.
Manutenção da Light pode causar falta d'água
Uma manutenção da concessionária de energia elétrica Light no reservatório de Ribeirão das Lajes, o sistema de abastecimento de Ribeirão das Lajes (que capta água do reservatório para tratamento e distribuição), fará o sistema ficar fora de operação na próxima quarta-feira (22). Segundo a Light, o serviço será iniciado às 7h e deve ser concluído até as 16h.
Durante este período, o fornecimento de água ficará reduzido para os municípios de Japeri, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Seropédica e para os seguintes bairros do Rio de Janeiro: Anchieta, Bangu, Benfica, Bonsucesso, Caju, Campo Grande, Centro, Del Castilho, Deodoro, Engenho da Rainha, Gericinó, Guadalupe, Higienópolis, Honório Gurgel, Ilha do Governador, Leopoldina, Manguinhos, Padre Miguel, Realengo, Riachuelo, Rocha, Rocha Miranda, Sampaio Correa, São Francisco Xavier, Triagem e Vila Kennedy.
De acordo com a Cedae, companhia responsável pelo fornecimento de água na Região Metropolitana, o serviço será retomado logo após a conclusão do serviço da Light e a previsão é de que o abastecimento esteja normalizado em até 48 horas depois.
*Estagiária sob supervisão de Yuri Hernandes
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