Publicado 23/09/2021 13:46
Rio - Nas redes sociais, Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior e Clébia Conserva Barros Gondim são um casal apaixonado, com fotos e declarações publicadas de tempos e tempos. Nas investigações da 18ª DP (Praça da Bandeira), o casal faz parte de um grupo que ajudava a lavar dinheiro ilícito da milícia que domina as comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Eles estão entre os 15 presos na Operação Blood Money, desencadeada nesta quinta-feira (23).
Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior e Clébia Conserva Barros Gondim são sócios em uma empresa do ramo imobiliário que construiu apartamentos no mesmo condomínio da Muzema onde prédios desabaram em abril de 2019, deixando 24 mortos. Na casa do casal, em um edifício na Barra da Tijuca, policiais civis encontraram contratos de investimentos em criptomoedas. Um sinal, segundo as investigações, de que a milícia tem usado a compra de moedas digitais para lavar dinheiro
"São sócios da empresa que atua no ramo das construções na região da Muzema e Rio das Pedras. Elas não construíram propriamente no imóvel que caiu, mas construíram apartamentos no mesmo condomínio", explicou o delegado Moysés Santana, titular da 18ª DP (Praça da Bandeira).
"Todas as empresas que atuavam na compra, venda, desmatamento estavam transacionando, movimentando altos valores financeiros sem possuir lastro para isso, claramente realizando atos para lavar esses capitais, como mescla do capital ilícito com lícito, compra de criptomoedas. Apreendemos vários contratos de transferências de aquisição de criptomoedas", completou o delegado.
Dos 23 mandados de prisão expedidos, seis pessoas já foram denunciadas na Operação Intocáveis I, que mirou, em 2019, a milícia liderada pelo ex-PM Adriano da Nóbrega, o Capitão Adriano, morto na Bahia em 2020. Dois dos alvos desta quinta-feira são Laerte Silva de Lima e Francisco das Chagas de Brito Castro.
Segundo as investigações, Laerte e Francisco, juntos, movimentaram cerca de R$ 8,5 milhões em pouco mais de um ano. As transações eram realizadas com outros integrantes da milícia local, e os valores não são compatíveis com o trabalho formal de cada um. Francisco, que movimentou cerca de R$ 7,5 milhões, relatou trabalhar como encarregado de obras, com salário de R$ 4 mil. Laerte afirmou ter diferentes ocupações, "nenhuma delas capaz de justificar a movimentação de quase R$ 900 mil", aponta a 18ª DP.
Laerte, apontado como miliciano da região e que já estava preso desde na Operação Intocáveis, e sua ex-esposa, Erileide Barbosa, presa na operação Intocáveis II, se filiaram ao PSOL em 2017, um ano antes da morte da ex-vereadora Marielle Franco, ainda investigada pela Polícia Civil.
Os mandados foram expedidos para Luiz Carlos dos Reis Príncipe Júnior, Clébia Conserva Barros Gondim, Leôncio Teixeira Miranda, Anderson de Assumpção Varela, Patrick Muniz Pereira, Maykel Muniz Pereira, Gerardo Alves Mascarenhas, Antônia Cardoso Almeida, Manoel de Brito Batista, Maria José de Souza, Júlior César Veloso Serra, Wanderson Ferreira Serra, Daniel Alves de Souza, Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, Bruno Pupe Cancella, Isamar Moura, Adginaldo dos Santos, Cíntia Bernardo da Silva, Rafael Gomes da Costa, José Bezerra de Lira, Juscelino Sales da Silva, Francisco Chagas da Silva e Laerte Silva de Lima.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.