Publicado 23/09/2021 16:29 | Atualizado 23/09/2021 18:03
Rio - A Polícia Civil investiga possíveis maus-tratos e negligência contra crianças na creche Tempo de Construir, no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio. O caso foi divulgado pelos pais de um aluno com paralisia cerebral que teria sido deixado preso a uma cadeira por horas e sem beber água. De acordo com o delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso), responsável pelas investigações, os envolvidos já foram ouvidos, mas o caso está sob análise.
Sargento da Polícia Militar, Flávia Louzada publicou um vídeo em suas redes sociais em que relata que uma ex-funcionária da creche já havia dito que seu filho Dante vinha sofrendo maus-tratos, mas ela não acreditava. No relato, ela diz que nos últimos dias 8, 9 e 10 de setembro o menino ficou em tempo integral na unidade e, após o fim de semana, ele teria se sentido mal e foi levado para o hospital, onde foi constatado que estava com uma infecção urinária.
O médico então teria perguntado se ela oferecia água à criança, no que a mãe respondeu que sim. Na segunda-feira seguinte, a PM e seu marido estiveram na creche e pediram para ter acesso às imagens das câmeras de segurança, o que provocou uma resistência por parte dos funcionários. O casal retornou no dia seguinte e, após insistência, conseguiram ver as imagens e se espantaram.
"Eu queria ver as câmeras para ver sobre a água, ainda não passava pela minha cabeça o pior. Então eu vi, ninguém me contou. Meu filho estava preso numa cadeira, horas a fio preso na cadeira, sem oferta de água. Tem hora que a turma toda sai e só fica ele e uma menininha na sala. Ele preso na cadeira por horas, sem água. A cadeira é pesada, chega um ponto que eles arrastam para tirar foto lá fora e ele vai solavancando, preso, amarrado. Horas sem água, sem nada. Eu vi! Ninguém me contou, eu vi", contou a sargento emocionada, no vídeo.
Sargento da Polícia Militar, Flávia Louzada publicou um vídeo em suas redes sociais em que relata que uma ex-funcionária da creche já havia dito que seu filho Dante vinha sofrendo maus-tratos, mas ela não acreditava. No relato, ela diz que nos últimos dias 8, 9 e 10 de setembro o menino ficou em tempo integral na unidade e, após o fim de semana, ele teria se sentido mal e foi levado para o hospital, onde foi constatado que estava com uma infecção urinária.
O médico então teria perguntado se ela oferecia água à criança, no que a mãe respondeu que sim. Na segunda-feira seguinte, a PM e seu marido estiveram na creche e pediram para ter acesso às imagens das câmeras de segurança, o que provocou uma resistência por parte dos funcionários. O casal retornou no dia seguinte e, após insistência, conseguiram ver as imagens e se espantaram.
"Eu queria ver as câmeras para ver sobre a água, ainda não passava pela minha cabeça o pior. Então eu vi, ninguém me contou. Meu filho estava preso numa cadeira, horas a fio preso na cadeira, sem oferta de água. Tem hora que a turma toda sai e só fica ele e uma menininha na sala. Ele preso na cadeira por horas, sem água. A cadeira é pesada, chega um ponto que eles arrastam para tirar foto lá fora e ele vai solavancando, preso, amarrado. Horas sem água, sem nada. Eu vi! Ninguém me contou, eu vi", contou a sargento emocionada, no vídeo.
Em um vídeo, também publicado nas redes sociais da militar, o pai do menino, identificado apenas como Rulian, afirma que há um tempo atrás havia gravado um vídeo elogiando a escola por ser inclusiva e por ser um bom ambiente para o seu filho, mas diz que estava enganado sobre a impressão que tinha sobre a instituição.
"O meu filho Dante estava sendo tratado, eu não digo nem pior do que um animal, porque nem um animal merece ficar seis, sete, oito horas numa corrente, quem dirá uma criança amarrada numa cadeira oito horas. Meu filho está com ponto de compressão no corpo, podendo pegar uma embolia, uma trombose. Meu filho não é cadeirante. Cadeirante toma anticoagulante, meu filho não toma. Podendo causar uma luxação de quadril, causando um retrocesso a todo o esforço que eu e a mãe dele fazemos para a sua reabilitação", desabafou Rulian na publicação.
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Depois da denúncia do caso de Dante, outros responsáveis também relataram situações de maus-tratos e negligência vividas por seus filhos. A autônoma Eli Emanuele dos Santos Soares, de 34 anos, relata que sua filha Sarah, de 4 anos, que é autista não verbal, é aluna desde o ano passado, mas os problemas começaram na volta às aulas presenciais, este ano. Segundo ela, a menina estava frequentemente voltando para casa com as roupas sujas de urina e fezes e, mesmo após a professora dizer que havia sido um acidente e que não voltaria a acontecer, a situação permaneceu a mesma, até que a criança teve assaduras.
Os problemas continuaram quando Eli começou o desfralde da filha em casa, mas a criança regredia tudo o que havia aprendido depois de voltar da escola. A mãe conta que chegou a comprar um penico da mesma cor e modelo que tinha em casa para a escola, para incentivar o hábito no local. Ao se reunir com a coordenação pedagógica da instituição para pedir ajuda, a autônoma disse que teve como resposta que o desfralde era uma ansiedade dela e que sua filha ainda não estava preparada.
Ainda de acordo com Eli, ela contratou uma acompanhante terapêutica para a menina, já que a escola não teria uma mediadora, e apesar de ter direito a acompanhante durante todo o período escolar e Sarah estudar em período integral, a profissional contratada pela mãe só foi autorizada a ficar no local por quatro horas diárias. Já no primeiro dia de trabalho, a acompanhante relatou problemas na conduta da unidade à autônoma.
"Logo no primeiro dia, a acompanhante notou que o penico que eu tinha dado para a escola, em vez de ficar no banheiro, ficava na sala de aula, onde a minha filha era obrigada a fazer todas as necessidades dela na frente de todo mundo, dos funcionários, dos coleguinhas. Para eles, aquilo era normal. Por todo aquele dia ela presenciou e também teve que colocar ela para fazer as necessidades na frente de todo mundo. Foi uma situação vexatória que eles fizeram a minha filha passar. Eu não sei por quanto tempo aquele penico ficou na sala, por quanto tempo estaria acontecendo", disse a mãe da criança.
Após reunião com a dona da escola, Danieli Bonel, o penico foi retirado da sala de aula. Mas, a profissional contratada por Eli ainda observou outros problemas. A alimentação de Sarah era diferente dos demais alunos, já que ela comia apenas macarrão com feijão, enquanto outros recebiam uma dieta com legumes, verduras e proteínas. Ao questionar, a professora teria dito que ela estaria comendo somente isso por gostar muito do prato. Depois de sete dias com o mesmo cardápio, a autônoma entrou em contato com a diretora, que teria negado, mas depois afirmado que a menina não aceitava o cardápio da escola e, por isso, eles haviam decidido dar macarrão com feijão para a criança todos os dias.
"Eu provei que a minha filha comia de tudo. No dia seguinte, eles começaram a dar para ela o cardápio normal e a minha filha nunca negou. Novamente, me foi negado que a acompanhante ficasse com ela no período integral e como eu não confiava mais nas professoras e nas auxiliares, eu tive que mudar o horário dela de integral para parcial. Eu tive que sair do meu emprego para ficar com ela. Essa semana ela só foi uma única vez na escola e eu pretendo que ela não vá mais."
A mãe de Sarah pretende processar a escola. Junto com a advogada, ela prestou depoimento nesta quarta-feira (22) na 21ª DP. A profissional que acompanhava sua filha deve ir à delegacia na segunda-feira (27), também para ser ouvida. Eli ainda pretende pedir na Justiça o acesso às imagens câmeras de segurança da escola, que teriam sido negadas quando ela solicitou.
"Depois que esses conflitos começaram a acontecer, a minha filha ficou muito nervosa, coisa que a minha filha não é, ela não é de chorar. Apesar das questões do autismo, ela era uma criança dócil, tranquila, dificilmente chorava e ela passou a ser o oposto. Ficou e ainda está hiper nervosa, ainda estou tratando isso com os psicólogos, ficou impaciente, agressiva. Ela bate em todo mundo, ela morde, ela arranha e a minha filha nunca foi assim. Tudo mudou", lamentou a autônoma.
A mãe de uma aluna, que não quis se identificar, também afirma que a filha viveu situações de negligência. A criança estuda no local desde maio deste ano, e segundo a mãe, sua mamadeira voltava para casa cheia constantemente, além de já ter encontrado a criança dormindo no chão. "Mamadeira que levava com suco e água voltava da mesma forma que foi. Uma vez cheguei na escola de surpresa, abriram o portão para mim porque eu ia comprar um casaco para ela e pedi para ir na sala porque estava na dúvida se caberia. Quando cheguei lá, ela estava dormindo no chão com um travesseiro. Ao questionar, me disseram que ela tinha acabado de dormir, só que não entendi o travesseiro na cabeça."
A mulher afirmou também que a criança já ficou doente várias vezes desde que começou a frequentar a escola, mas que ela nunca tinha relacionado as situações. "Ela ficou sim doente, mas nunca teve como ligar à escola. Teve muitos resfriados, infecção urinária. Quando eu falava com a professora, era sempre sobre como ela estava bebendo água na escola e ela sempre falava que bem", desabafou.
De acordo com o vice-presidente da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso, Wellington José, "nenhuma denúncia referente a maus-tratos cometidos contra menores que chegue ao seu conhecimento será ignorada". Wellington José, também autor da lei 9296/21, que cria a 1ª Patrulha Protetora das Crianças e dos Adolescentes do País, a Patrulha Henry Borel, já sancionada pelo governador Cláudio Castro e que aguarda o executivo para entrar em prática, disse ainda que "tomou ciência das mesmas, com muita tristeza e repúdio, ao assistir o desabafo aflito de pais cujos filhos estão matriculados na creche Tempo de Construir". "Eu confio no trabalho da Polícia e na investigação que já está em curso para que possíveis culpados sejam devidamente punidos", concluiu.
Procurada, a Creche Escola Tempo de Construir informou, em nota, que "todos os fatos que estão sendo difundidos tratam-se de acusações caluniosas, sem que tenham provas das acusações que fazem". A nota diz ainda que a "escola entregou o material da filmagem para a delegacia, e a equipe está voluntariamente comparecendo para prestar os esclarecimentos necessários" e que possui 18 anos de atuação e "nunca houve qualquer queixa". Confira a nota na íntegra.
"A creche Escola Tempo de Construir vem à público se manifestar que TODOS OS FATOS QUE ESTÃO SENDO DIFUNDIDOS tratam-se de acusações caluniosas, sem que tenham provas das acusações que fazem. A escola entregou o material da filmagem para a delegacia, e a equipe está voluntariamente comparecendo para prestar os esclarecimentos necessários.
Procurada, a Creche Escola Tempo de Construir informou, em nota, que "todos os fatos que estão sendo difundidos tratam-se de acusações caluniosas, sem que tenham provas das acusações que fazem". A nota diz ainda que a "escola entregou o material da filmagem para a delegacia, e a equipe está voluntariamente comparecendo para prestar os esclarecimentos necessários" e que possui 18 anos de atuação e "nunca houve qualquer queixa". Confira a nota na íntegra.
"A creche Escola Tempo de Construir vem à público se manifestar que TODOS OS FATOS QUE ESTÃO SENDO DIFUNDIDOS tratam-se de acusações caluniosas, sem que tenham provas das acusações que fazem. A escola entregou o material da filmagem para a delegacia, e a equipe está voluntariamente comparecendo para prestar os esclarecimentos necessários.
A escola possui 18 anos de atuação NUNCA HOUVE QUALQUER QUEIXA. Estamos recebendo mensagens de apoio daqueles que nos conhecem e confiam no trabalho desenvolvido por uma equipe de cerca de 70 profissionais dedicados.
Quanto aos relatos específicos com o aluno mencionado pelos próprios pais, não há provas das acusações. Ele usava as cadeiras fornecidas pelos próprios pais, específica para ele. Assim como todas as outras acusações são totalmente absurdas e mentirosas. Quanto á filmagem que alegam que não tiveram acesso, puderam sim assistir dentro da instituição.
A difamação e calunia, difundindo ódio nas redes sociais, é crime. Estamos confiantes que a verdade virá à tona pelos caminhos legais. Enquanto isso, manteremos nosso trabalho desenvolvido com dedicação e empenho em respeito aos nossos alunos e seus responsáveis, e em respeito à nossa equipe dedicada, a quem agradeço imensamente.
Nossa missão é educar para construir um mundo melhor, onde as crianças aprendam a respeitar o próximo, respeitar as leis e sempre ouvir os dois lados da história, sem agir por impulso propagando ódio gratuitamente."
Nossa missão é educar para construir um mundo melhor, onde as crianças aprendam a respeitar o próximo, respeitar as leis e sempre ouvir os dois lados da história, sem agir por impulso propagando ódio gratuitamente."
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