Publicado 24/09/2021 17:35 | Atualizado 24/09/2021 19:30
Rio - A Câmara Municipal do Rio vai convocar a Prefeitura para esclarecer o motivo dos cinco restaurantes populares ainda não terem sido reabertos em nove meses de gestão. Os vereadores Dr. Marcos Paulo e Chico Alencar, ambos do PSOL, que fazem parte da Frente Parlamentar contra a Fome, da Câmara de Vereadores do Rio, vistoriaram nesta sexta-feira o prédio onde funcionava o Restaurante Popular de Madureira. Fechada desde 2016, a unidade está em condições precárias e se transformou em abrigo improvisado para a população em situação de rua. Pelo fato do prédio onde abriga o antigo restaurante de Madureira ainda pertencer ao Estado do Rio, a Frente Parlamentar também vai para o debate público para confrontar o governo.
Um levantamento do gabinete do vereador Dr. Marcos Paulo revelou que o orçamento de 2021 da Prefeitura foi aprovado, no fim de 2020, com um recurso de R$ 4,2 milhões para a reabertura dos Restaurantes Populares. Apesar do agravamento da fome na cidade, durante a vistoria, os parlamentares constataram que não há nenhum sinal de obras para a retomada das atividades no local. Assim como também não há, em outros cinco restaurantes populares que eram administrados pela prefeitura na Central, Cidade de Deus, Irajá, Madureira e Méier.
Além do possível abandono em relação aos restaurantes fechados, em janeiro desse ano, por meio de decreto, o prefeito Eduardo Paes cortou R$ 2,2 milhões dos recursos que estavam aprovados no orçamento para a manutenção dos restaurantes de Bonsucesso, Campo Grande e Bangu, todos em funcionamento. Isso significa que 495.668 refeições deixarão de ser servidas em 2021.
"É inadmissível que diante da situação em que vive o Rio de Janeiro atualmente, com mais de sete mil pessoas em situação de rua, segundo o Censo realizado pela própria Prefeitura, só tenhamos três, dos oito restaurantes populares em funcionamento. Nosso mandato já enviou um requerimento de informação e vamos convocar os representantes da Prefeitura para um debate em que eles terão que nos explicar qual é o cronograma de reabertura dessas unidades. Os restaurantes populares precisam ser reabertos", ressalta o vereador Dr. Marcos Paulo.
Para o vereador Chico Alencar (Psol/RJ), a reabertura dos restaurantes populares é urgente. "A reabertura dos restaurantes populares é fundamental para combater a fome, a pobreza e a carestia no Rio. Nosso mandato aprovou a lei 6.961/2021, criando um programa emergencial de combate à fome na cidade durante a pandemia, que inclui a revitalização dos restaurantes populares, mas até agora a lei não foi implementada pela Prefeitura. A fome não espera, é urgente que a lei saia do papel para a realidade concreta das pessoas", concluiu o parlamentar.
Dados sobre os restaurantes populares
Até o ano de 2016, no município do Rio de Janeiro havia 8 restaurantes populares em funcionamento, mas devido à crise financeira, o governo do Estado parou de pagar os fornecedores, culminando no fechamento das unidades. Em 2017, com o início do processo de municipalização dos restaurantes, a Prefeitura garantiu o funcionamento das unidades de Bangu, Bonsucesso e Campo Grande. Todavia, os restaurantes da Central do Brasil, Cidade de Deus, Irajá, Madureira e Méier continuam fechados até hoje.
Em 2018, a Prefeitura do Rio anunciou a abertura de uma licitação para a reforma da unidade de Madureira, mas o processo não foi concluído. O orçamento de 2021, aprovado na Câmara no final do ano passado, destina R$ 4,2 milhões para a reforma do restaurante de Madureira, mas até o momento nenhum valor foi empenhado para dar início da obra.
Em nota, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Trabalho e Renda, informou que até o momento não recebeu a convocação da Câmara de Vereadores para tratar sobre a reabertura de restaurantes populares. Já em relação ao restaurante popular de Madureira, a pasta alegou que é necessário realizar uma obra de recuperação do imóvel para a abertura da unidade.
"Para isso, foram captados recursos federais, no montante de R$4,2 milhões, por meio da Caixa Econômica, condicionados à cessão do espaço para a Prefeitura do Rio, pelo prazo de 20 anos. O governo estadual quis realizar a cessão pelo período de quatro anos, o que foi recusado pelo banco federal. Neste sentido, esclarecemos que esses recursos não foram liberados para a Prefeitura. É importante lembrar que se trata de recurso com destinação específica (carimbado) para obra de recuperação daquele imóvel, em Madureira, que pertence ao governo do Estado", finalizou a pasta em nota.
"Para isso, foram captados recursos federais, no montante de R$4,2 milhões, por meio da Caixa Econômica, condicionados à cessão do espaço para a Prefeitura do Rio, pelo prazo de 20 anos. O governo estadual quis realizar a cessão pelo período de quatro anos, o que foi recusado pelo banco federal. Neste sentido, esclarecemos que esses recursos não foram liberados para a Prefeitura. É importante lembrar que se trata de recurso com destinação específica (carimbado) para obra de recuperação daquele imóvel, em Madureira, que pertence ao governo do Estado", finalizou a pasta em nota.
Nota da Secretaria de Desenvolvimento Social:
"Visando manter o funcionamento dos restaurantes populares de Campo Grande, Bangu, Bonsucesso e Madureira, após a publicação do Decreto Estadual nº 45.807/16, que fechou os restaurantes populares, o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro celebraram convênio para a gestão compartilhada destas unidades, na qual foram cedidos o imóvel e os equipamentos para a Prefeitura manter o serviço com recursos municipais.
No entanto, durante os três anos de vigência destes convênios, a unidade de Madureira se manteve fechada.
Em 2021, os convênios das unidades de Bangu, Bonsucesso e Campo Grande foram renovados. Já a unidade de Madureira foi retomada pelo Estado, tendo em vista a impossibilidade de atendimento ao pleito apresentado pela Prefeitura para que o imóvel fosse cedido à municipalidade pelo prazo de 20 anos, período que ultrapassaria, em muito, o prazo de vigência de três anos do convênio firmado entre ambas as partes para a cessão dos restaurantes.
A reabertura do restaurante popular de Madureira está prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2022 como parte do PactoRJ, plano de investimentos do governo estadual."
No entanto, durante os três anos de vigência destes convênios, a unidade de Madureira se manteve fechada.
Em 2021, os convênios das unidades de Bangu, Bonsucesso e Campo Grande foram renovados. Já a unidade de Madureira foi retomada pelo Estado, tendo em vista a impossibilidade de atendimento ao pleito apresentado pela Prefeitura para que o imóvel fosse cedido à municipalidade pelo prazo de 20 anos, período que ultrapassaria, em muito, o prazo de vigência de três anos do convênio firmado entre ambas as partes para a cessão dos restaurantes.
A reabertura do restaurante popular de Madureira está prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2022 como parte do PactoRJ, plano de investimentos do governo estadual."
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.