Publicado 27/09/2021 11:46
Rio - As máscaras ainda abafam a voz, mas as frases seguem clássicas, mesmo em tempos de pandemia: "Tia, está dando doce?"; "Deixa eu pegar mais um saco, para o meu irmão que está em casa". Depois de um 2020 de celebração esvaziada por conta da covid-19, as crianças voltaram às ruas nesta segunda-feira (27), Dia de São Cosme e São Damião, para correr atrás dos deliciosos e sagrados saquinhos de guloseimas. Com cuidados, devotos fazem questão de manter a velha tradição no novo normal.
"Somos muito devotos, todo ano a gente dá. Desta vez tomamos alguns cuidados. Estamos com álcool em gel, máscara, mas a tradição não pode morrer nunca. Todo ano cumprimos nossa promessa. Vamos distribuir 210 saquinhos de doce", contou Gisela Pestana, em frente à Paróquia de São Cosme e São Damião, no Andaraí, Zona Norte do Rio.
A criançada que não pôde pegar em 2020 foi à forra em 2021. Devotos que tentaram distribuir doces no ano passado garantem que a presença de meninos e meninas na rua é muito maior desta vez. Alguns até exageraram e faltaram aulas. A rede municipal de ensino chegou a marcar provas nas escolas nesta segunda-feira, mas professores já sabiam que teria baixa presença de alunos.
Celebrado no candomblé e na umbanda, com fartura de bolos, doces e guaraná nos terreiros, a tradição de distribuir doces no Dia de São Cosme e Damião tem base também na religiosidade portuguesa. A tradição católica relata que Cosme e Damião, irmãos gêmeos, eram médicos na Ásia Menor, região onde hoje é a Turquia, e curavam enfermidades principalmente entre as crianças.
Luciene Francisco esteve com a filha na paróquia dos Santos Gêmeos para agradecer pela cura do filho. "Fiz uma promessa pela saúde do meu filho. Há nove meses ele teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e se curou. Viemos pagar a promessa".
Colaborou Fábio Costa
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