Publicado 27/10/2021 13:17
Rio - O decreto da Prefeitura que flexibiliza o uso das máscaras em locais abertos não foi tão libertador para parte dos cariocas, que afirmam que continuarão usando a proteção enquanto permanecer o medo da covid-19. Especialistas afirmam que, independentemente da decisão municipal, uso das máscaras pode permanecer como 'um bom hábito' àqueles que não se sentirem à vontade.
Pessoas ainda lidam de maneiras distintas em relação à pandemia. Há o grupo dos que jamais utilizaram a máscara, mesmo sendo obrigatório. Outros dizem que seguirão usando, mesmo com a flexibilização. É o caso do servidor público Mário da Silveira, de 60 anos. "Nós ainda estamos na pandemia. Para mim, não acabou. Eu pretendo continuar usando porque é preciso manter a segurança e a saúde. O vírus está por aí", afirma.
O decreto publicado nesta quarta-feira (27) pelo município só passará a valer após a sanção do governador Cláudio Castro, prevista para ocorrer entre hoje e quinta-feira (28). A flexibilização na capital ocorre em duas etapas. A atual ainda obriga o uso de máscaras em locais fechados e transportes públicos. A segunda, quando a vacinação alcançar 75% da população geral, liberará inclusive em locais fechados, permanecendo áreas hospitalares e transportes.
"Pego ônibus cheio para levar meu filho à escola, e todo mundo se aperta. A máscara me protege caso uma pessoa espirre, por exemplo", afirmou Celimeire Furtado, de 48 anos, atualmente desempregada.
Apesar de opcional, máscara deve permanecer como 'bom hábito', dizem especialistas
Para Chrystina Barros, pesquisadora em Saúde e membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, o uso de máscaras "deve ser incorporado como hábito saudável". "Assim como temos a certeza de que a vacinação é fundamental para derrubar o número de casos, internações e óbitos, também temos certeza do papel que as máscaras tiveram e têm na prevenção", avalia a pesquisadora. "Em espaços ao ar livre, se não houver liberação, nós podemos dispensar, sim. Mas se existe alguma aglomeração, ou se estamos em lugares fechados, a máscara deve ser um hábito incorporado".
A pesquisadora explica que a taxa atual de vacinação no Rio - 65,6% da população tomou duas doses, ou dose única - é o patamar mínimo utilizado em parâmetros internacionais para flexibilizar o uso.
"O patamar de cobertura vacinal que o mundo aponta varia entre 65% e 85%. Isso vem, inclusive, do surgimento de variantes. É importante que a gente espere, sim, pelo dia que não teremos mais necessidade da máscara, mas hoje ela precisa ser entendida como um bom hábito".
A médica psiquiatra Roberta França é a favor de que a população continue com os cuidados anteriores, associado a hábitos saudáveis de retomada gradual da vida, como encontros e passeios ao ar livre. "Estamos vencendo gradativamente, e não podemos esquecer que estamos quase há dois anos nesta angústia. Se ainda temos óbitos, temos vírus circulante e, portanto, temos de tomar cuidado. É bom encontrar as pessoas, trabalhar, circular pela cidade. Isso é fundamental para a saúde mental. Mas quando as pessoas dizem que vão continuar usando é porque efetivamente estão compreendendo que isso é importante", afirma.
Cenário epidemiológico é favorável para relaxamento, defende Soranz
O decreto desta quarta flexibiliza o público em alguns dos ambientes que mais receberam atenção da Secretaria Municipal de Saúde durante a pandemia. Boates e pistas de dança, há mais de um ano suspensas, poderão funcionar com 50% da capacidade; estádios poderão ter 100% da capacidade, com o uso de máscaras e comprovante de vacinação. Bares e restaurantes também podem trabalhar com o público total.
"Temos um cenário epidemiológico favorável. Temos o menor número de pessoas internadas desde o início da pandemia, são 161, cerca de 2% do número de leitos ocupados na capital. É um número que merece cautela e atenção, mas nossa vida vai poder voltar ao normal", afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, durante agenda no Centro de Operações Rio.
"A gente precisa ser coerente quando colocamos medidas restritivas. Se o casos aumentam, é necessário aumentar as restrições. Mas se diminuem, como acontece hoje, não faz o menor sentido ainda mantermos certas restrições. As pessoas podem caminhar na rua, fazer atividades em locais abertos sem máscara", defende.
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