Publicado 01/11/2021 07:00 | Atualizado 02/11/2021 11:56
Rio - Carro importado avaliado em mais de R$ 220 mil e casa com piscina de azulejo e hidromassagem eram alguns dos luxos que José Carlos dos Prazeres Silva, o Piranha ou Cem do Castelar, ostentava. Morto pela cúpula do Comando Vermelho (CV), no início de outubro, por conta do desaparecimento e morte de Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11, e Fernando Henrique, de 12, ele era investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) por suspeita de envolvimento no crime, que aconteceu em 27 de dezembro do ano passado.
Desde janeiro, traficantes do Castelar passaram a ficar na mira da especializada. Piranha era líder da comunidade e foi escolhido por Edgard Alves de Andrade, o Doca, integrante da cúpula da facção, para comandar as atividades criminosas do Castelar, Palmeira e Rola Bosta. Segundo a polícia, ele era uma espécie de sócio operacional de Doca.
De acordo com a DHBF, era do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, que o traficante controlava seus soldados, conhecidos como "Tropa do Piranha", desfrutando de uma vida de luxo.
Nas redes sociais, Piranha mostrava as áreas de lazer de sua casa. O criminoso contava com uma hidromassagem inflável de cerca de R$ 10 mil, em seu quintal, além de uma grande piscina com cascata, em outro andar do imóvel.
O local também era frequentado por outros traficantes, como Willer Castro da Silva, o Estala, que gerenciava o tráfico do Castelar para Piranha e também teria sido morto pelo CV por suspeita de envolvimento no desaparecimento dos meninos.
A DHBF segue investigando o caso para identificar todos os envolvidos na morte das crianças e tentar localizar os corpos que até hoje não foram encontrados.
Carro importado, cordão de brilhantes e animal exótico
Outra vaidade de Piranha era o carro. Também em suas redes, o criminoso ostentava um Mini Cooper verde. O veículo importado é avaliado em R$ 225 mil. A polícia acredita que o automóvel usado pelo traficante era roubado.
O criminoso também tinha apreço por jóias. Ele gostava de posar usando um cordão de ouro, com um grande pingente de uma piranha cravejado de brilhantes, em referência ao seu apelido. Além do colar, em algumas imagens ele também aparecia com anéis, pulseiras e relógios.
A polícia ainda descobriu que Piranha criava um de animal exótico como bicho de estimação. Em postagens, o traficante posava com seu macaquinho a tiracolo. Nomeado de Tuê, o mamífero, inclusive, vestia roupinhas.
Morto pelo CV por negligência na morte dos três meninos
No dia 9 de outubro, o setor de inteligência da Polícia Civil recebeu informações de que Piranha teria sido morto, no Complexo da Penha, por ordem de lideranças do Comando Vermelho que compõe a cúpula da facção, por suspeita de envolvimento no desaparecimento dos três meninos, em Belford Roxo.
Os investigadores apuraram que após uma longa sessão de tortura, durante um tribunal do tráfico para descobrir o que aconteceu no Castelar no dia 27 de dezembro, Piranha foi condenado a morte.
No mesmo dia, lideranças da organização criminosa confirmaram a informação. Em um manifesto, os traficantes afirmaram ao O DIA que Piranha foi executado não por ter matado, mas por ter sido negligente nos fatos que culminaram na morte das crianças.
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