Anderson de Jesus: 'O que eles fizeram com o meu moleque foi muita covardia. Estava cheio de ódio'BRUNA FANTTI
Publicado 01/11/2021 10:46
Rio -- Anderson de Jesus, 25 anos, pai de um dos meninos desaparecidos em Belford Roxo, teve prisão preventiva decretada em audiência de custódia realizada ontem. Jesus é pai de Lucas Matheus, 8 anos, criança que ao lado de outros dois meninos foi raptado e morto por traficantes do Comando Vermelho (CV), em dezembro, de acordo com investigação da Polícia Civil.
Ao ser preso, na sexta-feira, Jesus disse à reportagem do O DIA que pediu para se unir a traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) na invasão que eles fariam à comunidade Palmeirinha, dominada pelo  CV, após o chefe do tráfico local ser morto em confronto com a polícia no dia anterior. Em vídeo, ele relata que foi a primeira vez que participou de uma ação do tipo.

'Medida de garantia da ordem pública', aponta juíza
A decisão foi tomada pela juíza Rachel Assad da Cunha, que escreveu sobre a arma em posse de Anderson no momento da prisão: "um fuzil calibre .556 e munições". Ele e mais outros quatro suspeitos, Marcos de Oliveira do Carmo Corrêa, Johnny Robson Telles Bomfim, Guilherme Barcelos Costa e Max Christian Fernandes Teixeira, tiveram prisão preventiva decretada. A juíza frisou que eles estavam "na posse de verdadeiro arsenal bélico: 1 arma de fogo magnum calibre 12, 2 fuzis calibre 556, com dois carregadores e munições, 1 carabina 40, com munições e 1 granada", ao serem presos por policiais militares que foram ao local para intervir na guerra.
"Trata-se de crime grave, em que os custodiados traziam consigo uma arma de fogo de uso restrito, devidamente municiada. Consta do auto de prisão em flagrante que policiais militares receberam a informação que homens associados ao Terceiro Comando estariam invadindo a comunidade da Palmeira quando se depararam com diversos homens armados, que efetuaram disparos", escreveu a magistrada.
Rachel também apontou a necessidade da prisão: "Assim, evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva do custodiado como medida de garantia da ordem pública, sobretudo porque crimes como esse comprometem a segurança de moradores da cidade de Belford Roxo". 
Anderson não consta na certidão do filho pois estava preso
Anderson foi preso pela primeira vez aos 18 anos de idade, em 2013. Na época, sua namorada estava grávida de Lucas Matheus, um dos meninos desaparecidos em dezembro, na Baixada Fluminense.
"Queria dar uma condição melhor para meu filho e virei 'radinho'", contou Anderson com exclusividade a O DIA, já preso, na 54ªDP (Belford Roxo). Radinho é como se chama o traficante que monitora a movimentação policial.
Sua prisão ocorreu após três moradores irem até a delegacia local e relatarem que traficantes do Morro São Leopoldo os haviam expulsado da comunidade. "Todos os nossos pertences ficaram em casa", consta relato de uma das vítimas à Justiça. Na sentença, o juiz transcreveu o depoimento de um policial, que afirma que o delegado Felipe Curi, então titular da delegacia, organizou uma operação, com apoio da Core, para prender os traficantes, em menos de 24 horas.
Do relacionamento, eles tiveram outra filha. Na delegacia, Anderson pediu aos policiais entrarem em contato com a mãe de seus filhos para avisar que ele havia sido preso.
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