Publicado 03/11/2021 06:13
Rio - Um incêndio de grandes proporções atingiu um depósito de gás no bairro Vila Leopoldina, em Duque de Caxias, na manhã desta quarta-feira (3). O fogo começou pouco depois das 4h, e em menos de duas horas já havia se alastrado sobre os botijões, estruturas metálicas e veículos estacionados no terreno. Dezenas de carros, caminhões e carretas ficaram destruídos, mas não houve feridos. O fogo foi controlado por volta das 6h50, mas bombeiros seguem no local para eliminar todos os focos de incêndio.
O Corpo de Bombeiros de Duque de Caxias foi acionado às 4h32, e outros seis quartéis foram deslocados para dar apoio ao combate às chamas: São João de Meriti, Campos Elíseos, Nova Iguaçu, Catete, Irajá e Grajaú. O major Carlos Mohr, subcomandante do quartel 14º GBM (Duque de Caxias), afirmou que os bombeiros precisaram retirar rapidamente os moradores da vizinhança. Muitos ainda dormiam. Ao todo, 40 militares participaram do combate às chamas.
"Levamos aproximadamente dez minutos para chegar. Nossa prioridade foi fazer a retirada das pessoas da residência no entorno, muitas ainda dormiam. Isolamos o local e iniciamos o combate, primeiro com militares do 14º GBM, depois com o reforço. Estamos na fase de recaldo e não há risco de novas explosões. Aguardamos agora o resfriamento total dos cilindros, para que caso ocorra um novo vazamento, não venha a causar explosões", afirmou o major Mohr.
A principal preocupação era que o fogo e a fumaça não se alastrassem para as casas ao redor, já que a região é majoritariamente residencial, com casas de um ou dois andares. Em uma delas, vizinha ao terreno, objetos que estavam na varanda chegaram a derreter devido ao calor.
"Eu moro perto, acordei com as explosões dos botijões. Percebi o incêndio por volta das 5h20. Assim que saímos para fora, vimos o cogumelo de fumaça e um fogo muito alto. Nisso, começou a movimentação para os moradores saírem de dentro das suas casas", contou a estudante Eduarda Freitas, moradora da Rua Saquarema, onde ocorreu o incêndio. Moradores tiveram que deixar as residências e aguardam no início da rua, que foi isolada.
A Defesa Civil de Duque de Caxias vai avaliar as residências no entorno do depósito para saber se alguma estrutura corre riscos.
Especialista: veículos próximos dos botijões podem ter agravado incêndio; 'Foi um desespero', diz moradora
Doutor em gerenciamento de riscos e segurança pela UFRJ e especialista em riscos envolvendo Petróleo e Gás, Gerardo Portela aponta que o pouco distanciamento entre os botijões e a proximidade dos caminhões e carretas podem ter agravado o incêndio no depósito.
"É preciso adotar medidas de segurança para armazenar botijões, como manter um distanciamento dos quantificativos de gás. É preciso ficar em refrigeração, longe de veículos", afirma Portela. "As imagens mostram que haviam veículos próximos uns dos outros, o que pode ter, sim, agravado a situação do incêndio. Quando existe o aquecimento do botijão, existe um limite de pressão que aquele botijão suporta. Quando atinge esse limite, ele se rompe e libera todo o gás do interior para fora. É um rompimento catastrófico. Partes dessa explosão são lançadas como mísseis", detalha.
O lançamento de partes de objetos foi o que Andressa Barros observou na vizinhança. A consultora jurídica mora na rua do depósito e soube de vizinhos que tiveram "a parede atravessada por um botijão que voou".
"Minha mãe e eu ouvimos um barulho, e ela sentiu o quarto bem quente. Vimos que estava pegando fogo em uma carreta e ficamos desesperados. Todos foram para a rua tirar os carros que estavam estacionados. Os vizinhos já estavam saindo de suas casas, corriam descalços, sem documento, idosos foram carregados. Um desespero total", conta Andressa.
"Houve danos na vizinhança. Cada um vai relatar o que houve na sua casa, e vamos nos reunir para saber quais providências tomar. Infelizmente, teve gente que perdeu televisão. Uma outra vizinha teve a parede atravessada por um botijão que voou", disse a moradora.
* Colaborou Reginaldo Pimenta
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