Publicado 03/11/2021 13:56 | Atualizado 04/11/2021 11:57
Rio - Passado o susto, moradores calculam o prejuízo após o incêndio de grandes proporções em um depósito de gás na Vila Leopoldina, em Duque de Caxias. O fogo começou por volta das 4h30 desta quarta-feira (3) e não deixou feridos, mas levou pânico e uma conta extensa de danos materiais: dezenas de carros foram destruídos pelo fogo, caixas d'água derreteram com o calor, janelas e paredes estouraram com o impacto das explosões.
O prejuízo na casa de Adeilson Camilo, de 42 anos, foi grande. "Perdi quatro caixas d'agua, além de danos materiais com vidros e janelas. O material hidráulico também foi todo derretido. Quatro horas da manhã a gente se deparou com o caminhão pegando fogo no depósisto de gás, e foi se espalhando", conta.
Também vizinha do terreno onde fica localizado o depósito, a manicure Andreia Silva Morais, 43, disse que "a casa balançou" com as explosões. "O depósito fica na frente da minha casa, quase cem metros de distância, mas mesmo assim causou estragou. Caiu a sanca (espécie de iluminação nas bordas de um teto), o gesso do teto cedeu. As autoridades tinham que tomar uma providência. Esse tipo de comércio não pode ter em um bairro residencial. Os bens materiais a gente põe no lugar novamente, mas é triste você ter a sensação de perder o pouco que tem", lamenta.
A Defesa Civil de Duque de Caxias isolou a Rua Saquarema durante o incêndio, e vai avaliar as residências no entorno do depósito para saber se alguma estrutura corre riscos.
Bombeiros de sete quartéis são acionados; fogo destruiu carros, carretas e caminhões
O Corpo de Bombeiros de Duque de Caxias foi acionado às 4h32, e outros seis quartéis foram deslocados para dar apoio ao combate às chamas: São João de Meriti, Campos Elíseos, Nova Iguaçu, Catete, Irajá e Grajaú. O major Carlos Mohr, subcomandante do quartel 14º GBM (Duque de Caxias), afirmou que os bombeiros precisaram retirar rapidamente os moradores da vizinhança. Muitos ainda dormiam. Ao todo, 40 militares participaram do combate às chamas.
"Levamos aproximadamente dez minutos para chegar. Nossa prioridade foi fazer a retirada das pessoas da residência no entorno, muitas ainda dormiam. Isolamos o local e iniciamos o combate, primeiro com militares do 14º GBM, depois com o reforço. Estamos na fase de recaldo e não há risco de novas explosões. Aguardamos agora o resfriamento total dos cilindros, para que caso ocorra um novo vazamento, não venha a causar explosões", afirmou o major Mohr.
Especialista: veículos próximos dos botijões podem ter agravado incêndio
Doutor em gerenciamento de riscos e segurança pela UFRJ e especialista em riscos envolvendo Petróleo e Gás, Gerardo Portela aponta que o pouco distanciamento entre os botijões e a proximidade dos caminhões e carretas podem ter agravado o incêndio no depósito.
"É preciso adotar medidas de segurança para armazenar botijões, como manter um distanciamento dos quantificativos de gás. É preciso ficar em refrigeração, longe de veículos", afirma Portela. "As imagens mostram que haviam veículos próximos uns dos outros, o que pode ter, sim, agravado a situação do incêndio. Quando existe o aquecimento do botijão, existe um limite de pressão que aquele botijão suporta. Quando atinge esse limite, ele se rompe e libera todo o gás do interior para fora. É um rompimento catastrófico. Partes dessa explosão são lançadas como mísseis", detalha.
O lançamento de partes de objetos foi o que Andressa Barros observou na vizinhança. A consultora jurídica mora na rua do depósito e soube de vizinhos que tiveram "a parede atravessada por um botijão que voou".
"Minha mãe e eu ouvimos um barulho, e ela sentiu o quarto bem quente. Vimos que estava pegando fogo em uma carreta e ficamos desesperados. Todos foram para a rua tirar os carros que estavam estacionados. Os vizinhos já estavam saindo de suas casas, corriam descalços, sem documento, idosos foram carregados. Um desespero total", conta Andressa.
"Houve danos na vizinhança. Cada um vai relatar o que houve na sua casa, e vamos nos reunir para saber quais providências tomar. Infelizmente, teve gente que perdeu televisão. Uma outra vizinha teve a parede atravessada por um botijão que voou", disse a moradora.
* Colaborou Reginaldo Pimenta
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