Publicado 11/11/2021 12:15
Rio - O Bar Luiz se prepara para reabrir e comemorar com muito chope e salão cheio seus 135 anos em janeiro de 2022. A joia da Rua da Carioca, que se manteve após uma onda de apoio contra o anunciado fechamento em 2019, quer se juntar à retomada da boemia do Rio de Janeiro. As noites cariocas já recebem a volta de dois gigantes: o Amarelinho, na Cinelândia, no dia 20, e o BipBip, em Copacabana, que reabre nesta sexta-feira (12).
Fechado desde março deste ano, a proprietária Rosana Santos conta que trabalha para abrir as portas do número 39 da Rua da Carioca o mais brevemente possível. "O Bar Luiz não é uma marca qualquer. Então queremos reabrir com qualidade para completar 135 anos com o que o cliente já conhece: muito chope e pratos tradicionais", explica. Nas redes sociais do centenário restaurante, os clientes reclamam da saudade da salada de batata. "A torcida é forte. Isso nos dá muita motivação", agradece Rosana.
O otimismo da reestruturação do bar vem na esteira de projetos de revitalização do Centro. O entorno da Rua da Carioca abandonado, afugentava clientes. "Todos estamos trabalhando visando o convite às pessoas visitarem o Centro. A Prefeitura está dando apoio incondicional", elogia. A dona do Bar Luiz ressalta que desde o mês passado a rua está bem iluminada, com árvores podadas.
Apesar dos ajustes na infraestrutura, equipe do DIA esteve no local na quarta-feira (10) e encontrou o comércio fechado, com pessoas em situação de rua e pouca circulação de pedestres.
O Bar Luiz chegou a anunciar o fechamento em setembro de 2019. Mas uma onda de apoio com longas filas de clientes manteve o restaurante aberto. Em março, veio a pandemia da covid-19 e o bar sofreu um novo baque. Rosana espera que em janeiro de 2022 o movimento se estabilize. "Esperamos que a retomada aumente o fluxo de pessoas no Centro, tenha um pico em janeiro e se estabilize", conta.
A empresária planeja retomar parcerias com teatros e impulsionar a visita de clientes com eventos na região.
A empresária planeja retomar parcerias com teatros e impulsionar a visita de clientes com eventos na região.
Bar surgiu no Império e foi alvo do movimento estudantil
Fundado em 3 de janeiro de 1887, quando Dom Pedro II era o Imperador do Brasil e o Rio, a capital do Império, o Bar Luiz ajudou a popularizar a venda da cerveja pela serpentina: o chope. Já durante a "Belle Epóque" do período republicano, o bar atraia à noite clientes vindos dos teatros próximos à Rua da Carioca: atores, vedetes e profissionais da arte e espectadores dos cinemas da Cinelândia.
O botequim alemão, que chamava-se Bar Adolph veio a mudar o nome para Bar Luiz, com o advento da Segunda Guerra Mundial e os movimentos nacionalistas e antifascistas no Brasil. Sob estas circunstâncias, estudantes do Colégio Pedro II em campanha contra os regimes fascistas da Europa invadiram o Bar com o intuito de destruí-lo, associando seu nome ao ditador alemão Adolf Hitler.
A casa foi salva pelo compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, que lá tomava um chope no bar. Desfeito o mal entendido, os estudantes se retiraram para apedrejar outro estabelecimento nas redondezas. O marcante episódio resultou na naturalização de Ludwig Vöit, que passou a denominar-se Luiz, e na alteração do nome da casa para "Bar Luiz".
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.