Publicado 14/11/2021 07:30
Rio - Ainda durante a adolescência, Bibi, de 29 anos, se mudou de Cosmos para o Jesuítas, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Mesmo sendo oito anos mais novo que Danilo Dias Lima, o Tandera, não demorou muito para se aproximar do vizinho de rua, que veio a se tornar um dos principais milicianos do Estado do Rio. Entretanto, de amigos de infância, eles se tornaram inimigos mortais e, atualmente, Bibi disputa a guerra da milícia ao lado de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho.
De acordo com a Polícia Civil, Bibi entrou para o grupo paramilitar há pelo menos seis anos, a convite de Tandera, que na época era aliado ao clã da família Braga e subordinado a Carlos Alexandre da Silva, o Carlinhos Três Pontes.
No início, o trabalho de Bibi era fazer as cobranças dos serviços explorados pelos paramilitares, como o gatonet. Até ele ascender na organização criminosa e alcançar um cargo de confiança. O miliciano foi preso em janeiro de 2017, apontado como responsável por comandar os negócios de Carlinhos Três Pontes em Santa Cruz - morto três meses depois durante uma operação da Polícia Civil.
Foi depois da prisão que a briga entre os vizinhos e amigos de infância começou. Os agentes descobriram que Bibi se sentiu desassistido por Tandera, que não teria o ajudado a sair da cadeia e nem lhe oferecia melhores condições no presídio.
Miliciano trocou de grupo na cadeia
Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi quem assumiu a milícia após a morte do irmão, Carlinhos, e fez sociedade com Tandera, dando para ele o controle das atividades ilegais do Jesuítas, em Santa Cruz, e de municípios da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica. No entanto, em dezembro de 2020, os dois entraram em conflito e desfizeram a aliança criminosa.
O rompimento entre os grupos atravessou os muros da Penitenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, no Complexo de Gericinó, e na separação das galerias, Bibi acabou ficando do lado dos irmãos Braga.
O miliciano ficou preso até o dia 3 de agosto deste ano, após a morte de Ecko, em junho.
Perfil violento e investigado por homicídio
Para a Polícia Civil não demorou muito para Bibi voltar a cometer crimes depois que saiu da prisão. Agora sendo comandado por Zinho, terceiro irmão da família Braga a herdar os negócios da milícia, Bibi está sendo investigado em inquéritos das Delegacias de Homicídios da Capital (DHC) e da Baixada Fluminense (DHBF) que apuram assassinatos durante a guerra contra o grupo de Tandera.
Um dos crimes foi cometido no dia 7 de agosto, apenas quatro dias após a liberdade de Bibi, no bairro Lagoinha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo a corporação, a área seria controlada por Tandera e os soldados de Zinho teriam ido até lá para obter informações sobre integrantes da organização criminosa liderada pelo rival, com o objetivo de estabelecer o domínio territorial da região.
Investigadores das especializadas informaram ainda que têm indícios do envolvimento de Bibi de forma direta na guerra que está acontecendo entre as duas milícias e apuram a participação dele em alguns homicídios que vem sendo cometidos na disputa territorial na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense.
Ainda de acordo com a polícia, o perfil violento do miliciano não se restringe apenas aos rivais paramilitares. Contra Bibi existe também registros de violência doméstica. Ele ainda possui anotações criminais por roubo de veículo, homicídio, porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e extorsão.
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