Publicado 12/11/2021 20:11 | Atualizado 13/11/2021 13:47
Rio - O Projeto de Lei Complementar da Prefeitura do Rio que dá condições para a construção de um novo centro cultural no espaço onde fica o Canecão, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, deve ser votado na Câmara de Vereadores até o fim deste ano. Nesta sexta-feira (12), a Comissão de Assuntos Urbanos promoveu uma audiência pública, com a participação de parlamentares, presidentes de associações de moradores da região, representantes do Poder Executivo, além de membros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dona do espaço, para discutir mudanças na proposta.
O presidente da Câmara, Carlo Caiado (DEM), abriu o encontro e destacou a importância desse projeto de lei complementar no momento de retomada da cidade. "Há uma vontade política enorme de buscar esse debate, encontrar um caminho de forma transparente, com a participação da sociedade civil, dos moradores, comerciantes. Sem dúvida alguma, esse equipamento sendo reaberto seria um ganho enorme para a cidade. Todos nós que estamos aqui temos uma história ali dentro", pontuou Caiado.
A presidente da Comissão, vereadora Tainá de Paula (PT), ressaltou a importância da proposta para o Rio, mas apontou a necessidade da elaboração de um substitutivo para mudanças no texto, para que as obras do espaço não ultrapassem os limites da UFRJ e não provoque desmatamento da região. A parlamentar também defendeu o uso do estabelecimento para outros fins, além do cultural.
"A nossa primeira pauta é a delimitação, entendendo que é necessário diminuir a área para que possamos de fato aplicar uma área específica do equipamento cultural. Não é necessário nós derrubarmos árvores, atravessarmos o limite da própria UFRJ para uma área que sequer será de uso exclusivo do equipamento. O equipamento consegue ser construído na área que estamos propondo. O outro ponto é ampliar o uso, para além do uso cultural. É importante garantir um centro multimeios, um centro de tecnologia, ampliar as possibilidades do uso ali naquela área", argumentou a presidente.
Durante a audiência, não houve consenso sobre as áreas de tráfego e de influência para carga e descarga e entrada de carros e ônibus. O assunto deve voltar à discussão antes da votação. A vice-presidente da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), Regina Lúcia de Abreu, afirmou apoiar a reabertura do espaço, desde que os moradores de Botafogo consigam trafegar sem transtornos.
"A universidade está no bairro de Botafogo, um bairro de 98 mil pessoas e que já está absolutamente saturado. Então qualquer grande intervenção abala, atinge e degrada a qualidade de vida. Nós apoiamos e apoiaremos a volta do Canecão, mas nós queremos ser ouvidos e respeitados. Queremos que os moradores possam passar ali e não ficar presos no engarrafamento", declarou a vice-presidente.
Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, o projeto é simples e pretende, além de autorizar o local a funcionar como espaço cultural, promover poucas mudanças na estrutura do estabelecimento.
"O debate é sempre importante, é fundamental. Entretanto, se trata de um projeto de lei muito simples e que tem como objetivo permitir que naquele terreno da UFRJ possa novamente ter um espaço cultural. Então, é um projeto de lei que trata simplesmente de uma possibilidade de um pouquinho maior de altura, estamos falando de 3 ou 4 metros, possibilitar o uso cultural e você pode ver que o PL é até curtinho", ressaltou o secretário, que teve o argumento reforçado pela reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
"O PLC trata apenas de autorizar o funcionamento do equipamento cultural ali. Uma vez autorizado, nós vamos partir para o projeto do que nós queremos que seja: um equipamento cultural com uma sala de 1,5 mil lugares, que comporte ópera, musicais, mas também salas associadas onde possa haver exposição e áreas externas onde o público possa também visitar."
Caso a proposta seja aprovada ainda em 2021, a UFRJ vai fazer um chamamento público para atrair a iniciativa privada para financiar o projeto. O vereador Tarcísio Motta (PSOL) demonstrou preocupação com a possibilidade da privatização de espaços que pertencem à instituição.
"Seguimos com o debate sobre o risco da privatização de espaços da própria universidade, de espaços públicos. Esse debate sobre como a gente garante que aquele equipamento cultural seja um equipamento público, de gestão pública, é muito importante para mim e para nossa Comissão de Cultura", disse o parlamentar.
O Canecão
O Canecão foi inaugurado em 23 de junho de 1967, como uma cervejaria. A transformação em casa de espetáculos se deu dois anos depois, com show de Maysa, dirigido por Bibi Ferreira. Pelo palco, passaram artistas nacionais e internacionais consagrados como Ellis Regina, Chico Buarque e Elymar Santos, que chegou a pagar para se apresentar no local, até a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguir o direito de retomar o lugar. A universidade recebeu o terreno da União nos anos 1960.
Cobiçado por músicos, o espaço de 116 mil metros quadrados, entre a Avenida Venceslau Braz e a Rua Lauro Muller, está fechado desde outubro de 2010. O encerramento ocorreu após uma briga judicial de quase 40 anos entre a UFRJ e o antigo inquilino, o empresário Mário Priolli. A instituição argumentava o não pagamento do aluguel pelo ex-dono. Desde então, nada foi feito no local. Em junho de 2019, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou por unanimidade, o destombamento do Canecão. A casa de shows era tombada há 20 anos.
A presidente da Comissão, vereadora Tainá de Paula (PT), ressaltou a importância da proposta para o Rio, mas apontou a necessidade da elaboração de um substitutivo para mudanças no texto, para que as obras do espaço não ultrapassem os limites da UFRJ e não provoque desmatamento da região. A parlamentar também defendeu o uso do estabelecimento para outros fins, além do cultural.
"A nossa primeira pauta é a delimitação, entendendo que é necessário diminuir a área para que possamos de fato aplicar uma área específica do equipamento cultural. Não é necessário nós derrubarmos árvores, atravessarmos o limite da própria UFRJ para uma área que sequer será de uso exclusivo do equipamento. O equipamento consegue ser construído na área que estamos propondo. O outro ponto é ampliar o uso, para além do uso cultural. É importante garantir um centro multimeios, um centro de tecnologia, ampliar as possibilidades do uso ali naquela área", argumentou a presidente.
Durante a audiência, não houve consenso sobre as áreas de tráfego e de influência para carga e descarga e entrada de carros e ônibus. O assunto deve voltar à discussão antes da votação. A vice-presidente da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), Regina Lúcia de Abreu, afirmou apoiar a reabertura do espaço, desde que os moradores de Botafogo consigam trafegar sem transtornos.
"A universidade está no bairro de Botafogo, um bairro de 98 mil pessoas e que já está absolutamente saturado. Então qualquer grande intervenção abala, atinge e degrada a qualidade de vida. Nós apoiamos e apoiaremos a volta do Canecão, mas nós queremos ser ouvidos e respeitados. Queremos que os moradores possam passar ali e não ficar presos no engarrafamento", declarou a vice-presidente.
Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, o projeto é simples e pretende, além de autorizar o local a funcionar como espaço cultural, promover poucas mudanças na estrutura do estabelecimento.
"O debate é sempre importante, é fundamental. Entretanto, se trata de um projeto de lei muito simples e que tem como objetivo permitir que naquele terreno da UFRJ possa novamente ter um espaço cultural. Então, é um projeto de lei que trata simplesmente de uma possibilidade de um pouquinho maior de altura, estamos falando de 3 ou 4 metros, possibilitar o uso cultural e você pode ver que o PL é até curtinho", ressaltou o secretário, que teve o argumento reforçado pela reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
"O PLC trata apenas de autorizar o funcionamento do equipamento cultural ali. Uma vez autorizado, nós vamos partir para o projeto do que nós queremos que seja: um equipamento cultural com uma sala de 1,5 mil lugares, que comporte ópera, musicais, mas também salas associadas onde possa haver exposição e áreas externas onde o público possa também visitar."
Caso a proposta seja aprovada ainda em 2021, a UFRJ vai fazer um chamamento público para atrair a iniciativa privada para financiar o projeto. O vereador Tarcísio Motta (PSOL) demonstrou preocupação com a possibilidade da privatização de espaços que pertencem à instituição.
"Seguimos com o debate sobre o risco da privatização de espaços da própria universidade, de espaços públicos. Esse debate sobre como a gente garante que aquele equipamento cultural seja um equipamento público, de gestão pública, é muito importante para mim e para nossa Comissão de Cultura", disse o parlamentar.
O Canecão
O Canecão foi inaugurado em 23 de junho de 1967, como uma cervejaria. A transformação em casa de espetáculos se deu dois anos depois, com show de Maysa, dirigido por Bibi Ferreira. Pelo palco, passaram artistas nacionais e internacionais consagrados como Ellis Regina, Chico Buarque e Elymar Santos, que chegou a pagar para se apresentar no local, até a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguir o direito de retomar o lugar. A universidade recebeu o terreno da União nos anos 1960.
Cobiçado por músicos, o espaço de 116 mil metros quadrados, entre a Avenida Venceslau Braz e a Rua Lauro Muller, está fechado desde outubro de 2010. O encerramento ocorreu após uma briga judicial de quase 40 anos entre a UFRJ e o antigo inquilino, o empresário Mário Priolli. A instituição argumentava o não pagamento do aluguel pelo ex-dono. Desde então, nada foi feito no local. Em junho de 2019, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou por unanimidade, o destombamento do Canecão. A casa de shows era tombada há 20 anos.
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