Publicado 21/11/2021 09:00
O passar dos anos me fez desenvolver uma tese, dessas que o doutorado da vida nos ensina na prática. Por mais vezes que já tenhamos ido a um lugar, ele será sempre diferente ao nosso olhar — e também ao coração — em uma outra visita. Assim, entrei novamente no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, no primeiro sábado de novembro, pouco mais de um mês após ter estado lá com a minha amiga Tainara. Desta vez, outra amiga, Gisele, e o seu marido, Zé Carlos, me faziam companhia como debutantes no local.
O sol havia decidido desfilar no céu do Rio. "Por onde é melhor a gente entrar, Ana? Você é a nossa guia", brincou Zé Carlos, professor de Matemática. Mas eu, amante das novas experiências, já havia constatado que eram nulas as probabilidades de aquele passeio despertar sensações iguais para mim. Indiquei as escadas e, assim, subimos.
Também sinalizei a eles a porta de entrada do casarão de três andares do início do século XX. A partir dali, as ruínas apareciam imponentes e revelavam novos ângulos das paisagens lá fora, que eu não havia percebido na visita anterior.
Naquele lugar histórico, paramos algumas vezes para fotos. Ali, as ruínas formam verdadeiras janelas naturais que emolduram a beleza do Rio de Janeiro. "Olha o Aterro do Flamengo", apontou Gisele, professora de Geografia, especialista em localizações físicas e parceira nesse desafio de achar os melhores rumos na vida.
No casarão remodelado — que preserva as ruínas originais — uma outra escada atraía os nossos passos para os andares superiores. Até que chegamos ao último deles, onde um mirante nos brindou com diversas perspectivas da cidade.
De um lado, aparecia a Zona Sul, adornada pela Baía de Guanabara. Os cabos de aço que sustentam o Bondinho do Pão de Açúcar surgiam feito uma linha muito tênue na paisagem, como se fossem traços poéticos de um desenho de criança. A Marina da Glória também estava à vista, assim como a Ponte Rio-Niterói.
Em outro lado, o Centro mostrou-se imponente, com a inconfundível arquitetura da Catedral Metropolitana e dos Arcos da Lapa. "Aqui nessa direção deve ser a Rua André Cavalcante", sinalizou a minha amiga, citando um lugar na Lapa em que ela deu aula numa época. Logo me lembrei que eu trabalhava ali perto antes da pandemia.
Fiquei pensando em como seria se pudéssemos admirar um panorama da nossa vida daquela mesma perspectiva, como se fosse uma grande maquete. Relembraríamos cada passagem com o distanciamento medicamentoso que o tempo nos dá.
O sol havia decidido desfilar no céu do Rio. "Por onde é melhor a gente entrar, Ana? Você é a nossa guia", brincou Zé Carlos, professor de Matemática. Mas eu, amante das novas experiências, já havia constatado que eram nulas as probabilidades de aquele passeio despertar sensações iguais para mim. Indiquei as escadas e, assim, subimos.
Também sinalizei a eles a porta de entrada do casarão de três andares do início do século XX. A partir dali, as ruínas apareciam imponentes e revelavam novos ângulos das paisagens lá fora, que eu não havia percebido na visita anterior.
Naquele lugar histórico, paramos algumas vezes para fotos. Ali, as ruínas formam verdadeiras janelas naturais que emolduram a beleza do Rio de Janeiro. "Olha o Aterro do Flamengo", apontou Gisele, professora de Geografia, especialista em localizações físicas e parceira nesse desafio de achar os melhores rumos na vida.
No casarão remodelado — que preserva as ruínas originais — uma outra escada atraía os nossos passos para os andares superiores. Até que chegamos ao último deles, onde um mirante nos brindou com diversas perspectivas da cidade.
De um lado, aparecia a Zona Sul, adornada pela Baía de Guanabara. Os cabos de aço que sustentam o Bondinho do Pão de Açúcar surgiam feito uma linha muito tênue na paisagem, como se fossem traços poéticos de um desenho de criança. A Marina da Glória também estava à vista, assim como a Ponte Rio-Niterói.
Em outro lado, o Centro mostrou-se imponente, com a inconfundível arquitetura da Catedral Metropolitana e dos Arcos da Lapa. "Aqui nessa direção deve ser a Rua André Cavalcante", sinalizou a minha amiga, citando um lugar na Lapa em que ela deu aula numa época. Logo me lembrei que eu trabalhava ali perto antes da pandemia.
Fiquei pensando em como seria se pudéssemos admirar um panorama da nossa vida daquela mesma perspectiva, como se fosse uma grande maquete. Relembraríamos cada passagem com o distanciamento medicamentoso que o tempo nos dá.
Voltamos, então, ao presente e descemos as escadas. Em seguida, percorremos uma rampa, de onde fiz mais um clique do trajeto. "Você já pode aproveitar essa foto e escrever sobre os caminhos da vida", comentou a Gi, brincando: "Olha eu querendo dar dicas para a cronista". Sorri internamente e preferi registrar na escrita que os meus textos só existem por conta das pessoas que dividem a caminhada comigo. Como ela e o Zé Carlos naquele sábado, confirmando que o melhor passeio é sair pela vida desfilando a nova roupa da alma.
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