Publicado 08/12/2021 16:27
Rio - O comerciante Jorge Artur Pedrosa, de 49 anos, é apaixonado pelo bairro de Vila Isabel, na Zona Norte. Há sete anos, ele decidiu encomendar uma réplica do monumento em homenagem a Noel Rosa, um dos maiores símbolos do bairro. Mas, depois que a estátua original foi recolhida pela prefeitura, após atos de vandalismo, Jorge foi denunciado para a polícia diversas vezes. As pessoas achavam que a sua cópia era, na verdade, o monumento que costumava ficar na Rua 28 de Setembro, entrada da principal via de Vila Isabel.
“Eu tinha que mostrar aos policiais a parte de trás da estátua para provar que ela era feita de fibra de vidro, e não de bronze”, conta. Agora, esse não é mais um problema para o comerciante. Depois de muita mobilização dos moradores, o monumento oficial foi recuperado e recolocado pela Secretaria Municipal de Conservação nesta terça-feira. No sábado, o monumento, que ainda está cercado por tapumes, será reinaugurado oficialmente. A data celebra os 111 anos de nascimento de Noel Rosa.
“O Noel Rosa é um ícone do nosso bairro. É uma representatividade importante. E a falta do monumento causava uma dor muito grande aos moradores de Vila Isabel. Hoje, é uma felicidade ver que ele vai ser devolvido, mas existe também uma preocupação: será que vai haver segurança para ele não ser vandalizado de novo?”, questiona.
Já Marlene Marques, de 72 anos, também moradora de Vila Isabel, lamenta que tenha sido necessário reinaugurar a estátua. “É uma pena, porque ela não deveria ser depredada. A reinauguração é muito bem-vinda, só lamento que tenha que acontecer”, diz.
Para ela, os moradores têm muito orgulho do bairro porque as ruas carregam nomes de abolicionistas brasileiros e, também, porque ali nasceu e viveu Noel Rosa. “Eles têm consciência de que Vila Isabel é um dos redutos do samba, que ficou imortalizado com Noel Rosa. Quase todos os bairros do Rio que ficaram imortalizados por alguma música tem a estátua de seu criador, como Tom Jobim em Ipanema. A reinauguração da estátua do Noel tem muito significado para nós, cariocas”, conta.
A cantora Analimar Ventapane, filha de Martinho da Vila, também comemora. Ela diz que a homenagem ao grande nome da música brasileira é um dos principais símbolos do bairro. “O Noel também é um tesouro de Vila Isabel. Ele é parte da minha memória musical porque é do bairro em que eu nasci. A estátua, para a gente, é até um ponto turístico”, disse.
O monumento recria uma cena de Noel Rosa sentado com um cigarro na mão, enquanto um garçom está ao seu lado. É uma referência ao samba “Conversa de Botequim”, sobre um cliente folgado que começa a fazer pedidos cada vez mais invasivos. Ao lado de Noel, uma cadeira vazia convida quem está por perto a se sentar.
No fim de 2015, a estátua teve três partes serradas: o braço esquerdo do garçom, um dos braços de Noel e o seu pé direito. Quatro anos depois, em 2019, levaram metade do garçom e o braço direito do sambista. Nessa época, por causa do vandalismo, o que restou das estátuas foi recolhido pela prefeitura.
O legado do Poeta da Vila
“Eu tinha que mostrar aos policiais a parte de trás da estátua para provar que ela era feita de fibra de vidro, e não de bronze”, conta. Agora, esse não é mais um problema para o comerciante. Depois de muita mobilização dos moradores, o monumento oficial foi recuperado e recolocado pela Secretaria Municipal de Conservação nesta terça-feira. No sábado, o monumento, que ainda está cercado por tapumes, será reinaugurado oficialmente. A data celebra os 111 anos de nascimento de Noel Rosa.
“O Noel Rosa é um ícone do nosso bairro. É uma representatividade importante. E a falta do monumento causava uma dor muito grande aos moradores de Vila Isabel. Hoje, é uma felicidade ver que ele vai ser devolvido, mas existe também uma preocupação: será que vai haver segurança para ele não ser vandalizado de novo?”, questiona.
Já Marlene Marques, de 72 anos, também moradora de Vila Isabel, lamenta que tenha sido necessário reinaugurar a estátua. “É uma pena, porque ela não deveria ser depredada. A reinauguração é muito bem-vinda, só lamento que tenha que acontecer”, diz.
Para ela, os moradores têm muito orgulho do bairro porque as ruas carregam nomes de abolicionistas brasileiros e, também, porque ali nasceu e viveu Noel Rosa. “Eles têm consciência de que Vila Isabel é um dos redutos do samba, que ficou imortalizado com Noel Rosa. Quase todos os bairros do Rio que ficaram imortalizados por alguma música tem a estátua de seu criador, como Tom Jobim em Ipanema. A reinauguração da estátua do Noel tem muito significado para nós, cariocas”, conta.
A cantora Analimar Ventapane, filha de Martinho da Vila, também comemora. Ela diz que a homenagem ao grande nome da música brasileira é um dos principais símbolos do bairro. “O Noel também é um tesouro de Vila Isabel. Ele é parte da minha memória musical porque é do bairro em que eu nasci. A estátua, para a gente, é até um ponto turístico”, disse.
O monumento recria uma cena de Noel Rosa sentado com um cigarro na mão, enquanto um garçom está ao seu lado. É uma referência ao samba “Conversa de Botequim”, sobre um cliente folgado que começa a fazer pedidos cada vez mais invasivos. Ao lado de Noel, uma cadeira vazia convida quem está por perto a se sentar.
No fim de 2015, a estátua teve três partes serradas: o braço esquerdo do garçom, um dos braços de Noel e o seu pé direito. Quatro anos depois, em 2019, levaram metade do garçom e o braço direito do sambista. Nessa época, por causa do vandalismo, o que restou das estátuas foi recolhido pela prefeitura.
O legado do Poeta da Vila
Noel de Medeiros Rosa nasceu em uma das principais ruas de Vila Isabel, a Teodoro da Silva, no ano de 1910. Ele morreu aos 26 anos e deixou como legado mais de 250 canções. Dentre as mais famosas, estão “Feitiço da Vila”, “Palpite Infeliz”, “Último Desejo”, “Até Amanhã" e “Pierrot Apaixonado”.
O sambista é considerado, ainda hoje, um dos nomes mais importantes da música brasileira e foi eternizado em diversas peças, filmes e desfiles de escolas de samba. Em 2010, a Unidos de Vila Isabel ficou em quarto lugar com o enredo “Noel: a Presença do Poeta da Vila”, que trazia a assinatura de Martinho da Vila.
Cantores como Nelson Gonçalves, Maria Bethânia, Ivan Lins e Teresa Cristina também dedicaram discos à memória de Noel. Em 1990, Carlos Didier e João Máximo lançaram “Noel Rosa: uma Biografia”, considerado até hoje o melhor livro sobre o sambista.
O sambista é considerado, ainda hoje, um dos nomes mais importantes da música brasileira e foi eternizado em diversas peças, filmes e desfiles de escolas de samba. Em 2010, a Unidos de Vila Isabel ficou em quarto lugar com o enredo “Noel: a Presença do Poeta da Vila”, que trazia a assinatura de Martinho da Vila.
Cantores como Nelson Gonçalves, Maria Bethânia, Ivan Lins e Teresa Cristina também dedicaram discos à memória de Noel. Em 1990, Carlos Didier e João Máximo lançaram “Noel Rosa: uma Biografia”, considerado até hoje o melhor livro sobre o sambista.
*Estagiária sob supervisão de Raphael Perucci
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