Publicado 09/12/2021 08:56 | Atualizado 09/12/2021 09:31
Rio - Uma conversa entre um traficante e um outro homem, a quem os criminosos chamam de tio, mostra como o comércio de passarinhos de canto é valorizado pelo tráfico do Castelar. O áudio foi interceptado pela polícia durante as investigações sobre o desaparecimento de Lucas Matheus, 9 anos Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, e obtido pelo DIA.
O suposto furto do passarinho do tio do criminoso Wille de Castro, o Estala, teria sido o motivo para a morte das crianças. A polícia acredita que Stala (foto abaixo) foi morto pelo tráfico, como queima de arquivo.
No áudio, o homem que a polícia não sabe se realmente é parente ou tem o apelido de tio, pede autorização a um traficante para vender um coleiro ao preço de R$ 300, que autoriza a venda. Ouça a conversa:
Em agosto, a reportagem esteve na feira de Areia Branca, último lugar em que as crianças foram vistas. A matéria 'Onde pegar um passarinho pode custar a vida' mostrou como os comerciantes vendiam gaiolas de pássaros de diferentes valores enquanto um grupo mais afastado negociava passarinho.
Ainda na feira, produtos de procedência duvidosa eram vendidos a preços abaixo do mercado. Com cerca de R$ 300 era possível se fazer uma compra do mês para uma família pequena, em uma área extremamente pobre. Por isso, o furto de um passarinho foi interpretado pelos traficantes como um crime grave, segundo a polícia.
"Passarinhos de canto costumam ser caros. Qualquer animal destes vale, tranquilamente, mil, dois, três, cinco mil reais. A qualidade do animal que vai elevar seu valor", explicou o delegado Uriel Alcântara, na época.
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