Audiência para ouvir as testemunhas, do processo sobre a morte do menino Henry Borel, nesta terça-feira (14).Cleber Mendes/Agência O Dia
Publicado 15/12/2021 10:18 | Atualizado 15/12/2021 16:37
Rio - Ex-assessora de Dr. Jairinho e amiga da família há pelo menos 30 anos, Cristiane Isidoro afirmou durante audiência na terça-feira (14) que Monique manifestou o desejo de ter um filho com o ex-vereador quando estavam no carro a caminho da gravação de um programa de TV. Interrogada pelo promotor Fabio Vieira se Jairo e Monique mantinham um relacionamento abusivo, Cristiane negou e mencionou o episódio.


Após a morte de Henry, segundo a versão da testemunha, Monique afirmou, a caminho de uma gravação para o programa "Fantástico", da TV Globo, que Jairinho desfaria uma vasectomia e manifestou o desejo de casar com o parlamentar no papel e ter um filho com ele. Outra testemunha que estaria no carro na ocasião, o motorista Rogério Baronio, repetiu a versão durante seu depoimento.

Na terça-feira foram ouvidas dez testemunhas do caso: uma de acusação, a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos, sete testemunhas de defesa de Jairinho e duas de defesa de Monique. A audiência de instrução e julgamento foi retomada na manhã desta quarta-feira.
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Familiares do pai de Henry, Leniel Borel acompanham o julgamento com camisetas e cartazes com pedidos de Justiça.

A ex-assessora de Jairinho, Cristiane Isidoro, acompanhou o casal no dia da morte de Henry. Durante a audiência, ela criticou a perícia que foi feita no dia do óbito no apartamento do casal.
"É mentira que teve faxina. Estava cheio de cabelo de Monique no banheiro do apartamento", afirmou. A amiga da família de Jairinho contou que levou Monique Medeiros do hospital para casa no dia do incidente, em 8 de março deste ano, e ouviu quando a mãe do menino ligou para Rosângela, a diarista, e a dispensou do trabalho. Apesar disso, ao chegar no andar do apartamento, Cristiane e Monique se depararam com a diarista.

No depoimento, Cristiane contou que Monique desfaleceu neste momento. Enquanto a testemunha relatava a chegada do casal no apartamento, Monique, sentada no banco dos réus, caiu no choro.

A última testemunha a depor ontem (14) foi a própria diarista Rosângela. Em seu depoimento ela disse que varreu e arrumou sim a casa antes da chegada de Monique, Jairinho, Cristiane e o marido no dia da morte. Interrogada pelo promotor, que contestou que outra testemunha havia dito o contrário, a diarista disse que limpou metade da casa.

O conselheiro do Tribunal de Contas o Município Thiago K Ribeiro destacou em seu depoimento como testemunha de defesa de Jairinho que o colega era carinhoso e conciliador na Câmara Municipal. O filho e a ex-companheira do réu defenderam que ele não é violento e que não destratava crianças. Questionado sobre o porquê de o parlamentar ter tido o mandato cassado se era tão querido, o estudante de Direito Luís Fernando Abidu Figueiredo Santos, de 24 anos, afirmou que os vereadores foram pressionados pela repercussão midiática do caso.

O pai de Dr. Jairinho, Coronel Jairo, foi testemunha de defesa de Monique Medeiros, em seu depoimento, ele levantou suspeitas sobre o laudo do IML que apontou 23 lesões no corpo da criança. Coronel Jairo disse que esteve no hospital Barra D'Or, para onde Henry foi levado no dia 8 de março, data da sua morte. A assessora do ex-vereador também reforçou essa versão de que no hospital o menino apresentava apenas um ferimento próximo ao nariz, que poderia ter sido provocado por procedimentos médicos.

Perguntado se havia conversado com o filho sobre o que teria acontecido na noite da morte de Henry, Coronel Jairo disse que sim, e que o filho havia respondido que estava dormindo no momento do incidente. Coronel Jairo disse também que não acredita que Monique tenha provocado a morte do menino. Para justificar o perfil não violento do filho, Coronel Jairo disse que Jairinho foi "criado na poesia". Ele também afirmou que havia livros sobre psicopatia e 'serial killer' e constatado que o filho não correspondia a esse perfil.
Relembre o caso
Henry Borel tinha 4 anos e morreu na madrugada do dia 8 de março deste ano, após dar entrada na emergência do Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As investigações e os laudos da Polícia Civil apontaram que a criança morreu em decorrência de agressões e torturas.
O padrasto, Dr. Jairinho, e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram indiciados pelo crime. O casal responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas. Para a polícia, a mãe de Henry Borel era conivente com as agressões do namorado contra o filho.
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