Fabrício Alves de Souza, 26 anos, foi morto durante confronto entre criminosos e a Polícia MilitarDivulgação
Publicado 26/12/2021 12:53
Rio - A viúva do pintor morto a caminho do trabalho, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio, está inconformada com a falta de respostas sobre o tiro que matou o marido, Fabrício Alves de Souza, de 26 anos, na terça-feira. Ainda bastante abalada, ao DIA, Graciellen Monteiro Alves, 30, afirmou que não foi realizada nenhuma perícia no local do crime e nem foi procurada pela delegacia que investiga o caso para prestar depoimento. A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ), a Defensoria Pública e o Ministério Público do Rio de Janeiro também não procuraram a família.
O silêncio das autoridades segue deixando Graciellen com o sentimento de impunidade. "Eu só queria saber quem foi que matou ele e o motivo de terem feito isso. Até o momento ninguém nos procurou para nada, a gente tá no escuro", disse.
O primeiro Natal da família de Fabrício sem ele foi em silêncio. Graciellen, que no momento encontra-se desempregada, contou que foi dormir com as duas filhas do casal, uma de 5 anos e outra de 10 meses, antes da meia-noite, ainda na véspera de Natal. Ela contou também do sofrimento ao falar para a filha mais velha, Emyllaine Victoria, 5, sobre a morte do pai, a quem ela era bastante apegada. "Ela chorou muito quando eu contei, foi tudo muito difícil", lembra Graciellen que está recebendo ajuda dos familiares para conseguir sustentar a família.
Rio,22/12/2021-INHAUMA, Cemiterio de Inhauma, Rapaz e morto  durante operacao  da PM no Complexo da Pedreira. Na foto. amigos carregam caixao de Fabricio Alves de Souza, morto em operacao na Pedreira.Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia       - Cleber Mendes/Agência O Dia
Rio,22/12/2021-INHAUMA, Cemiterio de Inhauma, Rapaz e morto durante operacao da PM no Complexo da Pedreira. Na foto. amigos carregam caixao de Fabricio Alves de Souza, morto em operacao na Pedreira.Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes/Agência O Dia
Amigos do pintor que moram na mesma comunidade contaram no dia do enterro do rapaz, na última quarta-feira (22), que ele se rendeu ao ser abordado pelos militares, mas que, mesmo assim, foi baleado. Eles afirmam ter escutado os policiais dizendo entre eles que fizeram coisa errada, depois de serem questionados pelos moradores sobre Souza ter sido ferido.
"Ele estava indo trabalhar, por volta das 5h da manhã, que era a rotina dele. Passava por dentro da comunidade para cortar caminho até o ponto da condução dele, a que ele pega para ir para o trabalho. Aí ele foi abordado, levantou as mãos e disse que era morador para os policiais, mas eles não quiseram saber e atiraram. Depois que o policial viu que ele era trabalhador, eles falaram 'fizemos merda, baleamos um trabalhador, baleamos a pessoa errada'", contou um amigo e colega de trabalho da vítima, que preferiu não se identificar.
Na última quinta-feira (23), a Polícia Civil informou que as armas usadas por policiais do 41º BPM (Irajá) envolvidos no confronto que resultou na morte do morador Fabrício foram apreendidas para perícia técnica na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas não informaram quais foram essas armas e nem a quantidade. Sobre a perícia no local do crime, a Civil também não confirmou se foi realizada e também não repassou informações sobre o andamento das investigações.
Procurada, a Polícia Militar disse que instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte, mas também não informou quantos PMs estão envolvidos nesta investigação e nem se eles continuam nas ruas.
O Ministério Público do Rio disse que, para apurar se o caso está sendo acompanhado pelo órgão, é preciso que seja informado o número do inquérito, mas o mesmo também não foi repassado pela especializada que cuida do caso.
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