Defesa de idoso acusado de injúria racial diz que ele foi diagnosticado com Alzheimer e não poderá depor

Segurança chamado de ‘neguinho’ pelo aposentado Aloysio Augusto vai prestar novo depoimento na segunda-feira (19)

Rio de Janeiro

Thalita Queiroz
Segurança de restaurante em Ipanema é chamado de neguinho por morador Reprodução / Redes Sociais

Rio - A defesa do idoso Aloysio Augusto da Costa, de 83 anos, acusado de cometer injúria racial contra o segurança de um restaurante em Ipanema, na Zona Sul do Rio, apresentou nesta quarta-feira (14) um laudo alegando que ele foi diagnosticado preliminarmente com demência e Alzheimer e, por isso, não tem condição para depor.

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O advogado de Lucas, Ralph Hage, afirmou é preciso aguardar a análise da Polícia Civil sobre o laudo da doença Marcos Porto/Agência O DIA
O advogado de Lucas, Ralph Hage, afirmou é preciso aguardar a análise da Polícia Civil sobre o laudo da doença Marcos Porto/Agência O DIA
Segurança de restaurante em Ipanema é chamado de 'neguinho' por morador Reprodução / Redes Sociais

Segundo o documento ao qual o DIA teve acesso, os problemas de saúde comprometem a "capacidade de julgamento e tomada de decisões referentes aos atos da vida civil". No laudo, a defesa de Aloysio não detalha quando ele foi diagnosticado com a doença.
O morador de Ipanema era esperado na 14ª DP (Leblon) para prestar depoimento às 15h desta quarta-feira (14), após ter a oitiva adiada a pedido da defesa. Na ocasião, um problema de saúde foi alegado para justificar a ausência dele.
Além da defesa do idoso, o advogado do segurança do restaurante Lucas Rodrigues Neves, Ralph Hage, também compareceu à distrital, na tarde de quarta-feira (14), para entender o que foi alegado pelo advogado de Aloysio.
Após a informação de que o idoso não iria depor, o advogado de Lucas disse que agora é preciso aguardar a análise da Polícia Civil sobre o laudo.
"Houve uma petição do advogado alegando falta de condição por questões de saúde. Ele afirmou ainda que não tinha condições físicas para prestar depoimento", disse Ralph.
O segurança vai prestar um novo depoimento na próxima segunda-feira (19), na 14ª DP (Leblon). Além dele, outras testemunhas também serão ouvidas pela delegada Daniela Terra, titular da distrital que investiga o caso.
Próximos passos
Após a análise do laudo apresentado pela defesa de Aloysio, o documento deverá ser encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), para que um perito judicial possa analisar.
Relembre o caso
Aloysio, que mora em frente ao estabelecimento em que Lucas Rodrigues Neves trabalha, reclama, há meses, de um banco colocado próximo ao prédio, para que o segurança visualize melhor o entorno do restaurante. Em uma das ocasiões, o idoso foi filmado chamando Lucas de "neguinho". Aloysio disse, ainda, que o funcionário estava "favelizando" a calçada.
Em outro vídeo, o filho do idoso, também morador, aparece reclamando da presença de Lucas enquanto pedestres reprovam a atitude do homem, o chamando de racista.
Em nota, o restaurante Babbo Osteria afirmou que não tolera qualquer tipo de atitude preconceituosa e que no dia 15 de maio e 11 de junho foram feitos registros de ocorrência, "ambos denunciando atitudes racistas contra um de nossos colaboradores por parte de um vizinho".
O estabelecimento informou, ainda, que está tomando todas as medidas cabíveis para proteger e apoiar o funcionário. "Somos um restaurante que preza pelo respeito e não admitimos qualquer ato de preconceito na casa", finaliza a nota.
Ao DIA, o chef do restaurante, Elia Schramm, disse que está dando todo o apoio necessário a Lucas. "Estamos cuidando para que ele tenha justiça e amparo emocional nesse momento, que é o mais importante", disse.