'Isabele, mesmo na minha folga eu uso o uniforme da cooperativa pra passear tranquilamente com meus filhos no shopping e não ser abordado pelos seguranças". Quem me falou isso foi João, taxista, que durante os 30 minutos de corrida me expôs os vários episódios de racismo que sofreu na vida.
Eu, mulher branca, que não vivo isso na pele, fiquei chocada... Mas quem é negro sabe muito bem como é isso no dia a dia. Para escrever essa coluna lembrei do meu amigo Isaac Santos, de 33 anos, e negro. Uma pessoa que amo e convivo todos os dias e que já passou por tantas dessas...
"Bele, eu tomo dura desde criança... Uma vez, a caminho de uma competição de muay thai, saindo do trabalho atrasado, corri para pegar o ônibus e fui abordado por dez policiais."
"Você tá correndo por quê?", perguntou o policial, que emendou: "A gente tá atrás de um assaltante aqui da área." "Quem passava não queria saber, já achava que eu tinha feito coisa errada."
Conclusão: Constrangimento... Ele não chegou a tempo e perdeu a competição.
"Racismo Nutella"? É isso que o novo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse que a gente vive no Brasil. Primeiro que racismo é racismo. E ele, como homem negro, deve ter passado muitas vezes por isso. Negar uma realidade, ainda mais numa instituição federal, responsável por cultivar a cultura afro é muito mais que negligência... É desserviço! É preciso falar que existe o racismo, discutir sobre isso e ouvir de quem passa a rotina de preconceito.
3,2,1... É DEDO NA CARA!