O título dessa coluna não é dessa jornalista que te escreve, mas da viúva, Silviana Meneses, ao tentar liberar o corpo do marido. Samuel Meneses, 47 anos, não quis faltar ao emprego... Era o segundo dia de trabalho e para quem estava há meses sem uma oportunidade o medo de ficar desempregado era maior que os tiros que estavam na porta de casa.
O pedreiro não andou muito e um tiro atingiu ele em cheio. Samuel ficou caído no chão batido da favela, onde nasceu e ali morreu. Nos pés, as botas denunciavam anos batendo laje e que já iria se aposentar...
Empolgado com o novo emprego, ele tinha comprado um par de botinas novas e uma calça também... Que não chegou a usar. Dentro de uma sacola de plástico ficou também, caída ao lado do corpo.
Resultado de anos de ausência de tudo... Saiu governo, entrou governo e o tráfico armado até os dentes avançou.
Qualquer avanço da polícia é troca de bala para todos os lados... Mas e Samuel? O que ele tinha a ver com isso? O pedreiro era o que levava sustento para dentro de casa.
Samuca, como era conhecido na igreja, deixa esposa e quatro filhos. A guerra nas comunidades não faz só vítima quem toma o tiro. Executa indiretamente famílias inteiras.
3,2,1... É DEDO NA CARA!
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