Por O Dia
Rio - Barra da Tijuca, três horas da tarde... Batem no vidro do carro. Um susto danado! Quando eu olho, mal consigo enxergar a cabeça. 
Uma menina de apenas sete anos de idade, sem os quatro dentes de leite da frente... Embaixo de uma chuva fina, com um casaco mais fino ainda. “Tia, quer comprar uma bala?”

Na hora me vem o pensamento de que dar esmola ou comprar bala no sinal é ajudar a exploração infantil.  Mas em época de pandemia, você também pensa no seu filho aquecido, em casa, brincando e comendo o que há do bom e do melhor. E é impossível...

Eu buzino, peço para ela voltar e entrego o dinheiro para aquele “pinguinho” de gente. “Você é de onde?” Eu pergunto. Ela responde que é de uma comunidade da Zona Oeste.

Eu digo que o dinheiro dado à ela é bastante... “Sim, tia. Eu vou ali esperar meu pai para comprar arroz, feijão e macarrão.”

O diálogo rápido continua, enquanto o semáforo não abre. “E cadê seu pai?”

“Meu pai tá ali! Uma outra moça ofereceu a ele uns pacotes de alimento e ele foi buscar. Já está voltando”, conta ela, segurando o dinheiro.
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“Mas você não tem medo de ficar sozinha?”, eu questiono, assustada. E ela diz que não! Que tá sempre por ali com o pai.

“Mesmo em dia de chuva, a gente tem que levar comida pra casa, né?” O sinal abre e a gente se despede uma da outra...

O carro anda e de longe vejo aquele sorriso aberto, tudo porque conseguiu, pelo menos por alguns dias, ter comida na mesa, eu espero.
Ninguém aqui quer romantizar o trabalho e esforço de uma criança. Pelo contrário! Aquela menina deveria estar em casa, no conforto, se preocupando com o que vai brincar... Não pedindo dinheiro na rua! Mas ninguém a enxerga e não é pelo tamanho, é pelo descaso histórico com essas crianças que só aumentou com a pandemia.

Essa, infelizmente, é a realidade de muitas jogadas pelas ruas da vida. Faltam políticas públicas que olhem por essas crianças! A gente sabe que trabalhar nunca prejudica alguém. Desde que seja no momento certo.

Torço para que aquela menina tenha um futuro lindo e que mantenha no olhar muita esperança e fé na vida. Como eu vi, mesmo sob a chuva.
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PINGO NO I
Todo dia é uma mensagem diferente que eu recebo: “Isabele, tá tendo operação policial aqui na minha comunidade, não tá proibido na pandemia?”

De fato, está! Mas a comunidade também tem que fazer sua parte. Esse fim de semana, por exemplo, teve um torneio de futebol na comunidade dos Macacos, em Vila Isabel.

Os moradores vieram reclamar que a polícia acabou com o tal campeonato... E por acaso era pra ter? O vírus não quer saber se é futebol ou baile... Se tem aglomeração, é bem capaz que ele esteja circulando por lá!

Bora colocar o Pingo no I...

Oba-oba não rola, né? Só falta agora o vírus se espalhar e colocarem a culpa na polícia!
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TÁ BONITO!
Atores vestidos de personagens contam histórias
Atores vestidos de personagens contam históriasdivulgação
Já imaginou unir arte e ecologia? É o que faz desde 2017 o projeto Ecoarte, que leva estudantes da rede municipal de Niterói para visitas guiadas em trilhas como o Caminho de Darwin, no Parque da Serra da Tiririca.

Atores se vestem como personagens e além de cantar, contam histórias para a criançada! “Mas Isabele, estamos numa pandemia! Como vou deixar meu filho no meio de uma trilha?”

É claro que o projeto teve que se adaptar, e agora todas as visitas estão sendo virtuais, pelo Instagram do projeto. (@ecoarteproducoes)

“É importante olhar a necessidade de atenção para essa área de grande relevância ambiental e cultural”, conta a turismóloga Bruna Galassi, idealizadora do projeto.

Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito... Quanto mais cultura e amor à natureza melhor, e tenho dito!