Na hora me vem o pensamento de que dar esmola ou comprar bala no sinal é ajudar a exploração infantil. Mas em época de pandemia, você também pensa no seu filho aquecido, em casa, brincando e comendo o que há do bom e do melhor. E é impossível...
Eu buzino, peço para ela voltar e entrego o dinheiro para aquele “pinguinho” de gente. “Você é de onde?” Eu pergunto. Ela responde que é de uma comunidade da Zona Oeste.
Eu digo que o dinheiro dado à ela é bastante... “Sim, tia. Eu vou ali esperar meu pai para comprar arroz, feijão e macarrão.”
O diálogo rápido continua, enquanto o semáforo não abre. “E cadê seu pai?”
“Meu pai tá ali! Uma outra moça ofereceu a ele uns pacotes de alimento e ele foi buscar. Já está voltando”, conta ela, segurando o dinheiro.
“Mesmo em dia de chuva, a gente tem que levar comida pra casa, né?” O sinal abre e a gente se despede uma da outra...
O carro anda e de longe vejo aquele sorriso aberto, tudo porque conseguiu, pelo menos por alguns dias, ter comida na mesa, eu espero.
Essa, infelizmente, é a realidade de muitas jogadas pelas ruas da vida. Faltam políticas públicas que olhem por essas crianças! A gente sabe que trabalhar nunca prejudica alguém. Desde que seja no momento certo.
Torço para que aquela menina tenha um futuro lindo e que mantenha no olhar muita esperança e fé na vida. Como eu vi, mesmo sob a chuva.
De fato, está! Mas a comunidade também tem que fazer sua parte. Esse fim de semana, por exemplo, teve um torneio de futebol na comunidade dos Macacos, em Vila Isabel.
Os moradores vieram reclamar que a polícia acabou com o tal campeonato... E por acaso era pra ter? O vírus não quer saber se é futebol ou baile... Se tem aglomeração, é bem capaz que ele esteja circulando por lá!
Bora colocar o Pingo no I...
Oba-oba não rola, né? Só falta agora o vírus se espalhar e colocarem a culpa na polícia!
Atores se vestem como personagens e além de cantar, contam histórias para a criançada! “Mas Isabele, estamos numa pandemia! Como vou deixar meu filho no meio de uma trilha?”
É claro que o projeto teve que se adaptar, e agora todas as visitas estão sendo virtuais, pelo Instagram do projeto. (@ecoarteproducoes)
“É importante olhar a necessidade de atenção para essa área de grande relevância ambiental e cultural”, conta a turismóloga Bruna Galassi, idealizadora do projeto.
Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito... Quanto mais cultura e amor à natureza melhor, e tenho dito!