"Eu tento viver na bolha pra ganhar meu dinheiro, mas ela só me protege do vírus.."
Essa é uma cena até comum para quem trabalha com transporte nesse "novo normal"... A cápsula de plástico que diminui o risco de pegar coronavírus, no entra e sai dos passageiros.
O velho e bom bate-papo entre motorista e passageiros ficou comprometido com tantas barreiras, claro, um tanto necessárias, mas foi possível entender o que este motorista de aplicativo me contou assim que sentei no banco de trás.
O nível de apreensão daqueles que dirigem pela cidade não é só com o inimigo invisível, o vírus... Outros inimigos já são bem conhecidos de quem dirige pela cidade... Os famosos vermes.
O dia-a-dia é um estresse sem fim.
"Se vejo que uma mulher pediu o aplicativo, mas que tá me esperando com outras pessoas, passo reto. É o novo golpe e eu já cai. O bandido fala que tá sem internet, pede para alguém chamar e colocar no dinheiro e quando entra no carro é assalto... Mas não é qualquer assalto!"
A bandidagem leva o motorista para uma comunidade. Depois, ele é deixado num local e a quadrilha cobra, em média, 3 mil reais, já que as seguradoras, por meio dos localizadores, sabem para onde os carros são levados.
Foi o que aconteceu com esse motorista, que não vamos identificar por segurança, e me levou até o destino.
"Tenho mais de cinquenta anos, não sei nem se tem como eu voltar ao mercado de trabalho, ainda mais nessa pandemia. Por isso me arrisco todos os dias tentando driblar o vírus e a violência.
O nível de estresse não para por aí... Com essa segunda onda, o medo de um novo esvaziamento das ruas, a mudança de governo e falta de uma segurança trabalhista, são fatores um tanto desgastantes.
Imagina tudo isso somados há mais de 14 horas de trabalho sem parar....
E ainda tem gente que fala que é fácil... Quem fala isso, com certeza não sabe qual é a realidade do carioca.
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