Já internada, na cama do hospital, Amanda Reis, moradora de São João de Meriti, recebeu a notícia de que possivelmente seria intubada.
Era segunda-feira, um dia depois do seu aniversário de quarenta e três anos. Ainda com um pouco de fôlego "natural", pediu um papel e uma caneta para a enfermeira e escreveu este bilhete (foto) para os dois filhos.
Com letra "de mão", deixou de herança e lembrança o amor de mãe, saudade de mãe antes de partir.
Sim, depois de 5 dias internada no Pam de São João, ela não resistiu e morreu.
Mais uma vítima desse vírus agressivo, impiedoso e traiçoeiro.
Os negacionistas insistem no destino. Não é.
Amanda tinha rotina, tinha família, tinha amigos, tinha a fé, tinha uma vida pela frente.
Os primeiros sintomas chegaram e rapidamente a vida foi cortada, tudo muito rápido.
"Nos pegou de surpresa. Dói muito, mas aos poucos vamos superar", conta Lucas Mugnoez, de 24 anos, filho mais velho de Amanda.
Quantos órfãos da covid, de mães jovens, no auge da vida, a pandemia já deixou por aí nesse tempo.
Há também aqueles órfãos que viveram com seus pais até a velhice e aceitariam o inevitável, mas não de covid.
Pois é, ela leva rápido e não dá chance de despedida.
Esse rasgo de papel com as últimas palavras de Amanda não é só um adeus... É o impacto de uma bala perdida, é o inimigo sem ser contido.. É o "e se" que, com certeza, acompanha quem já perdeu alguém.
Não é destino, é fato.
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