Por
Entre uma cutícula e outra, vejo um senhor colocar várias sacolas na porta de entrada do salão. Ele pega uma toalhinha, seca o suor, espirra álcool na mão e cumprimenta as meninas que logo ficaram eufóricas com a chegada dele.

De máscara do Flamengo, Seu Vanderlei, que enquanto era observado sem saber, estampava uma cara de cansado do sol forte.

Mas mesmo assim, abriu os braços...

Uma delas grita: “Eba, melhor doce de São Cristóvão!”

Logo puxei papo... o que vende aí?

Ele respondeu: “Docinhos que minha mulher faz, tem de tudo aqui.”

Aquele papo bom de vendedor, né?

Eu nem curto muito brigadeiro ( isso é polêmica pra outra coluna!), mas comprei vinte, um real cada e valeu cada centavo!

Assim como tantos brasileiros sem emprego fixo, ele sai de Itaboraí e vende os doces que a esposa faz por todo Rio de Janeiro.

Ontem era um dia especial. Falta pouco pra ele vender mais do que doces... Com o dinheiro, Seu Vanderlei comprou os equipamentos e agora vai fabricar farinha de rosca!

“E cadê seu carro?” Eu perguntei.

“Ih é grande... É ônibus! Saio de casa muito cedo, Dona Isabele.”

Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito...O sonho pode até custar caro, mas o docinho... Ah, esse é bom e barato, e tenho dito!