Nidia Majerowicz, Anelise Dias e Sonia Nascimento integram o programa da Feira da Rural - Ricardo Cassiano
Nidia Majerowicz, Anelise Dias e Sonia Nascimento integram o programa da Feira da RuralRicardo Cassiano
Por HUGO PERRUSO

Desde setembro de 2016 a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) disponibiliza em seu campus de Seropédica um espaço para a Feira da Agricultura Familiar. A parceria de longa data faz parte de um programa de apoio aos produtores locais. Com o fechamento das atividades por causa do isolamento social, foram necessárias adaptações para seguir com o funcionamento em tempos de covid-19: a cesta virtual foi a solução encontrada para atender produtores e consumidores, e tem gerado frutos.

Se antes da pandemia a Feira da Agricultura Familiar da Rural (FAF Rural) acontecia uma vez por semana com mais de 20 feirantes, entre 8h e 13h, agora funciona virtualmente. De segunda a quarta os consumidores podem escolher os produtos disponibilizados - hortaliças, frutas, pães, bolos, geleias, ovos, cogumelos, vinhos, doces, sucos e cereais e até cosméticos naturais - e pagam via boleto. Todo processo é feito pelo site www.fafrural.com.br .

Os produtores então separam os pedidos e uma semana depois, toda quarta-feira, as cestas ficam à disposição no quiosque do Colégio Técnico da UFRRJ para serem retiradas de carro. No local, há distanciamento, álcool em gel, máscaras e luvas utilizadas pela equipe. E quem compra, tem que levar a própria bolsa.

"Comprava sempre na feira e, sem ela, o início foi ruim porque já estava acostumada com os produtos. Esse projeto online foi sensacional porque pude voltar a comprar e ainda passei para alguns amigos que tiveram o mesmo problema com as feiras que frequentavam. E eu me sinto muito segura na hora de buscar, com tudo organizado, distanciamento, álcool em gel. Estão tomando muito cuidado", elogia Dona Amparo Cupolillo, de 57 anos, moradora de Seropédica.

A ideia da cesta virtual já existia, mas precisou ser agilizada para manter a feira funcionando. Antes do projeto sair, os contatos dos produtores foram entregues aos clientes, para que continuassem comprando temporariamente até o site entrar no ar. Para a equipe da Rural, formada por professores e alunos residentes, foi um desafio a mais pela adaptação a um serviço que não é de sua área. E contaram com a parceria dos produtores, mais acostumados com entregas e a logística.

"Há um tempo tentávamos essa ideia, mas com a necessidade apertando, ela saiu. Eu já estava acostumada, entrego cestas no Rio com meu coletivo que possui certificado de produto orgânico. A experiência está sendo bem legal, com os pedidos crescendo a cada semana. O local de entrega é muito seguro, aberto, sem contato. O trabalho é espetacular", afirma Alessandra Reis, produtora cujo sítio fica em Mazomba, bairro rural de Itaguaí.

 

Programa gera integração
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A Feira da Rural, que também conta com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio (Emater), é uma das seis partes do programa de extensão  "Fortalecimento da Agricultura familiar na Baixada Fluminense e Centro Sul do Estado do Rio de Janeiro". Com base na agroecologia, o projeto estimula o consumo consciente e também fortalece as famílias produtoras no entorno da região.
Com equipe multidisciplinar de professores e estudantes de várias áreas, o programa disponibiliza residentes de agronomia que assessoram os produtores em questões como qualidade da terra, não utilizar agrotóxicos e melhoria das técnicas de produção. E os produtos são comprados para utilização no restaurante do campus.
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"O objetivo é criar um canal de comercialização viável economicamente e que aproveita para integrar os produtores à comunidade acadêmica, com projetos e cursos. É uma parceria entre todos e que tem dado muito certo", explica a coordenadora geral do programa, Anelise Dias, que também participa da entrega dos produtos.
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Cuidados com produtos aumentam
Além de todos os cuidados no dia da entrega aos consumidores, os produtores da Feira da Rural também precisaram se adaptar aos novos tempos de covid-19. A colheita não teve muitas mudanças, mas a forma como os produtos são transportados precisou de ajustes.
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"Os cuidados aumentaram. A colheita e o preparado não muda muito no sítio, mas agora tudo já sai embalado. Os produtores fazem o processo com muito cuidado e muita higienização", garante Alessandra Reis, há três anos participando da Feira da Rural. 
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