Patrícia Oliveira lê livros e conta histórias para crianças da comunidade Vila Guimarães, em Austin, Nova Iguaçu - Arquivo pessoal
Patrícia Oliveira lê livros e conta histórias para crianças da comunidade Vila Guimarães, em Austin, Nova IguaçuArquivo pessoal
Por HUGO PERRUSO
Em meio à dura realidade do dia a dia, a Biblioteca Comunitária Paulo Sacramento torna-se uma importante ponte para levar os livros às crianças da Vila Guimarães, em Austin, Nova Iguaçu. Com o bloqueio causado pelo coronavírus, novos caminhos estão sendo usados para manter a garotada perto da leitura. E uma das guias é Patrícia Oliveira.
Coordenadora da biblioteca, a estudante de pedagogia que se forma em 2020 também é mediadora de leitura. Era a responsável por contar histórias de livros às crianças todas quartas-feiras, quintas e sextas, de manhã e à tarde, antes da pandemia da covid-19. Sem poder abrir o espaço, ela resolveu criar um canal no Youtube (Patrícia Conta História) para seguir levando a leitura à garotada e não deixar os novos leitores perderem o hábito.
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"Nossos leitores não poderiam ficar sem as histórias, foi aí que comecei gravar os vídeos de contação de histórias e os audiobooks. Meu filho teve a ideia de criar um canal pra mim no Youtube. Todo conteúdo que faço é de forma simples, pois não tenho câmera e nenhum outro instrumento profissional, mas fica para o acesso de todos. Os leitores adoraram poder ter este contato comigo", explica Patrícia, que busca disponibilizar os vídeos também de outras maneiras, como WhatsApp, Facebook e Instagram para facilitar ao máximo o acesso, apesar de muitas crianças não terem condições de acessar a internet.
A solução é mais uma buscada pela biblioteca para incentivar a leitura das crianças. Além da contação de histórias, jogos literários e outras atividades são realizadas no espaço. O projeto Mala Volante leva vários livros à casa de um leitor, que recebe outras crianças. Mas tudo ficou parado provisoriamente por causa do isolamento social.
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"Durante as atividades temos cerca de 18 leitores na parte da manhã e 30 na parte da tarde.O nosso espaço é pequeno, mas a vontade de tornar essa comunidade leitora é gigantesca.Estar neste espaço é tão importante para os leitores porque eles são acolhidos de uma forma que percebem o prazer existente na leitura. Tem muita diversão dentro da nossa biblioteca", explica Patrícia.
Apesar das atividades para as crianças, a biblioteca,inaugurada em 2018 dentro do Instituto Social Valorizando Vidas,dá acesso livre a adolescentes e adultos da comunidade. Além de Patrícia, uma bibliotecária voluntária também ajuda na organização.
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Democratizar a leitura
A Baixada Literária é um movimento que atua em Nova Iguaçu para contribuir com a democratização do acesso a livros. Participam 14 bibliotecas comunitárias e dois projetos de leitura. Com a pandemia da covid-19, o planejamento do ano precisou ser refeito, mas segue o esforço para que crianças, adolescentes e adultos continuem lendo.
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As redes sociais e o WhatsApp se tornaram um importante meio para a organização continuar com seu projeto. São postados vídeos de mediadoras contando histórias de livros e as crianças também participam dando dicas ou apenas lendo. Autores também participam.
No último dia 22 aconteceu o primeiro sarau virtual, com inúmeras atividades culturais. Outras ações estão sendo programadas para seguir com as atividades online.
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Alcance de mais pessoas
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Além de fazer os vídeos contando histórias, Patrícia Oliveira também tem recebido retorno. E não apenas das crianças da Biblioteca Comunitária Paulo Sacramento. Com o trabalho nas redes sociais e no canal do Youtube, o alcance aumentou e mais pessoas estão visualizando e participando. 
"Agora os leitores estão me enviando vídeos lendo poesias e contando histórias. Pessoas que passaram a conhecer o nosso trabalho - ou já conheciam mas nunca tinham ido à biblioteca - têm acompanhado nas redes sociais e me enviam vídeos também", conta a futura pedagoga.
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