Cria da Baixada Fluminense, mais especificamente de Nova Iguaçu, o fotojornalista e documentarista Mazé Mixo está com o projeto "Baixada Manda Lembranças", uma seleção de fotos que dialogam com as nuances da região. Em seus mais de 15 anos de trabalho, o profissional expõe as delicadezas, mazelas, belezas e singularidades do cotidiano baixadense, com um olhar interno e privilegiado.
A coletânea de 32 imagens trazem um olhar poético, mas ao mesmo tempo fiel à realidade de cenas com a cara da Baixada. Manifestações culturais, situações domésticas corriqueiras, todo o charme dos subúrbios com sua simplicidade e alegria, fazem parte do acervo disponível nas redes sociais, pelo Facebook Mazé Mixo Fotografia e no Instagram @mazemixo. Além disso, o projeto fotográfico foi selecionado no edital "Cultura Presente Nas Redes" da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio.
As fotos foram feitas ao longo da atuação do profissional em jornais, projetos artísticos autorais e coletivos da Baixada. Além disso, elas remetem à memória afetiva do iguaçuano, que sempre se interessou pelo cotidiano. "Muitas dessas fotos foram feitas sem pretensão, ou capturadas entre uma pauta e outra nas minhas andanças. Acho que a Baixada, suas pessoas, sua cultura, seus problemas e suas belezas acabam sendo o tema que mais fotografei ao longo desses anos".
"Uma coisa que já me disseram, e eu acredito ser verdade, é que meu olhar não é de fora. Essas imagens estão todas no meu imaginário". Sobre a estética, revela: "Minhas fotos são muito simples. Sem excessos de composição, sem pose, na maioria das vezes. A Baixada sempre foi vista como um lugar violento, feio, pobre, sem cultura. E na verdade é o oposto disso".
Mazé, agora com 36 anos, começou na fotografia por volta dos 18, pouco antes de iniciar a faculdade de Ciências Sociais. Mais ou menos no meio da graduação passou a enxergar o mundo de uma outra forma. No entanto, não tinha pretensão de seguir a carreira acadêmica, daí a fotografia tornou-se seu foco.
"Ter frequentado uma universidade influenciou meu olhar, mas tinha percebido que não queria ser professor. Fiquei amigo do responsável pelo laboratório de fotografia da faculdade, a partir daí eu passava mais tempo no laboratório do que nas aulas. Vi que fotografia era o que eu queria mesmo".
"Eu sempre me interessei por audiovisual. Muitos amigos são ligados nesse meio e sempre me incentivaram nesse caminho. Em 2011 fiz o primeiro documentário, que é sobre a história de um pai de santo de Duque de Caixas, da religião candomblé. Quando lancei a repercussão foi ótima e isso que deu o start nesse meu caminho das filmagens e cinema. A partir dali fui cada vez mais saindo da fotografia e indo para o audiovisual. Então também foi por isso que escolhi a coletânea, porque quase não produzo mais fotografias e é uma forma de marcar esses anos”.