Dois jovens se conhecem e ficam próximos, mas o isolamento social provocado pela covid-19 impede qualquer avanço. Com o passar da quarentena, e lidando com todas as consequências causadas pela doença, agora eles precisam reaprender a se relacionar. Essa poderia ser a história de qualquer pessoa em tempos de pandemia, mas é a de Hugo e Dandara no curta-metragem "Tudo bem". De Nilópolis para o Brasil, a produção retrata o poder das conexões em momentos difíceis.
O filme foi selecionado no edital Cultura Presente nas Redes, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e teve apoio da prefeitura de Nilópolis. O autor nilopolitano, Caio César, de 25 anos, conta que ao filmar um curta sobre um acontecimento de grande impacto na sociedade, espera que o público se identifique com os personagens e a história.
"Nem no meu sonho mais distante imaginaria que um momento como esse, seria o momento de contar a minha primeira história. Toda pessoa que conta uma história, quer que seja identificável. Narrativamente, a gente está contando uma história universal. A gente está na Baixada, mas é identificável com todo o mundo. A gente fez questão de não tirar o pé da realidade de que é um período muito difícil para todo mundo. Está todo mundo tendo que viver, se relacionar e tocar a vida, com uma âncora muito pesada das consequências da doença", reflete Caio.
Diretor de primeira viagem, ele diz que apesar da formação em Jornalismo, o cinema sempre foi sua verdadeira paixão. "Eu achava que a realidade de fazer cinema era distante." O filme estreou na última terça-feira no YouTube e em apenas dois dias de exibição, já alcançou mais de 120 mil visualizações, e o Instagram do "Tudo bem" (@curtatudobem), 12 mil seguidores.
Está disponível no canal "tudo bem, o curta-metragem". "Está faltando amor, empatia. E é lindo que isso possa sair de um lugar que as pessoas menos esperam, que é a Baixada, um lugar que a gente sofre para caramba. A gente está mandando uma mensagem de Nilópolis para o Brasil", crê.
Talvez aí esteja a receita para virar o fenômeno que está se tornando. "A gente não tinha essa expectativa. Está tomando uma proporção muito maior do que só o filme. A gente queria que a nossa arte fosse como um abraço para as pessoas, que o coração delas ficasse quentinho e elas sentissem que ninguém precisa passar por um período tão difícil sozinho. Todo mundo merece ter um sorriso por baixo da máscara."
Para incluir o público da comunidade surda, o filme vai ganhar legenda. Comentários de usuários de outros países também pediram a ferramenta. Na próxima semana, a produção ficará disponível com legendas em português, espanhol e inglês. A repercussão positiva do curta fez o jovem diretor pensar em uma possível continuação.
"A gente só pensou em fazer o nosso melhor e quem sabe alguém ia gostar. E a primeira coisa que a gente viu as pessoas comentando foi 'cadê o resto?'. A gente está analisando quais são os próximos passos. A gente terminou de uma forma muito bonita, deixando aberto para várias possibilidades. Hugo e Dandara podem contar várias histórias ainda e se a gente puder continuar, receber investimento de alguém, vai ser um prazer ainda maior."
Com um orçamento de R$2,5 mil, a gravação aconteceu em apenas dois dias, com todas as locações em Nilópolis, respeitando os protocolos de segurança para evitar a propagação do vírus. A produção conta com as atuações de Daniel Rangel (Salve-se Quem Puder) como o protagonista Hugo, Heslaine Vieira (Malhação Vidas Brasileiras), como seu par Dandara, além de André Luiz Frambach (Éramos Seis) e do youtuber Pedro Ottoni.
"Representamos esse momento de pandemia sob outra perspectiva e o resultado ficou lindo. Espero que todo mundo aprecie", comentou o protagonista. O curta-metragem ainda teve o trabalho do diretor de fotografia João Frazão, que assinou, entre outros, o clipe da música "Te Entreguei Meu Coração", de Luma Elpídio, que já alcançou mais de um milhão de visualizações; do premiado documentarista Edvandro de Castro; Júlia Raad responsável pela colorização, que integrou a equipe do documentário indicado ao Oscar, "Democracia em Vertigem"; e uma equipe voluntária composta por profissionais experientes em cinema e televisão, estudantes e pessoas que participaram pela primeira vez de uma produção audiovisual. Com capital afetivo de sobra, talento e ternura, "Tudo bem" promete ir longe.
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