A assistente social Michelle Cinelli, moradora do Fonseca, se redescobriu há 3 anos quando percebeu que estava apaixonada pelo artesanato. Com 43 anos, no crochê, macramê e costura criativa, tinha início um novo prisma para a vida, que, revelou-se a partir de então, cheia de sentido e alegria.
Os trabalhos manuais, se tornaram assim, naturalmente, a principal fonte de renda. As vendas, que começaram tímidas, se expandiram e em meses o volume de encomendas fez a artesã até recusar pedidos. Ou seja, tudo de vento em popa, até que um vilão chegou e virou de cabeça pra baixo as histórias de todo um planeta: a pandemia do novo coronavírus. Com ela, não foi diferente. Entrava em cena nesse contexto, a inventividade e estoicismo dos quais, nós brasileiros, somos abundantemente dotados.
O relacionamento direto com o consumidor, realizado em feiras e centros comerciais, fez com que o setor do artesanato fosse um dos segmentos da economia mais atingidos. Sem poder expor as peças, Michelle se adaptou à uma nova realidade e investiu num formato de comércio online. Faz frequentemente lives onde fala de cada peça, do processo de composição e criação, e emprega no trabalho um valor muito mais afetivo que monetário. Vai assim conquistando novamente uma clientela que aos poucos, se adequa e cresce. As redes sociais serviram como catapulta para que essas vendas se ampliassem.
"Vários meses em casa e todo mundo quer um lar aconchegante para passar tanto tempo. Aí que meu trabalho entra: minhas peças são decorativas, alegres e trazem um tipo de conforto. Faz bem para a saúde mental estar num ambiente bonito e bem decorado", avalia a artesã.
Pois é, muito tempo confinado. O isolamento social mudou a rotina dos brasileiros, a forma com que se relacionam e até mesmo como consomem e se artes manuais e exercícios nunca tiveram tão em voga, comer também não. A pandemia motivou muitos consumidores a adotarem o hábito de pedir comidas por serviços de entrega. Em contrapartida, proporcionou uma chance que fez com que 53% das pessoas passassem a cozinhar mais, uma ação que muitos pretendem transformar em costume. Ou em lucro.
Foi o que fez a pedagoga Viviani Carvalho de 45 anos, moradora do mesmo bairro. Ela percebeu esse nicho e com a dadiva das mãos e do paladar - aliada ao talento, claro, investiu numa empresa que faz qualquer tipo de refeição, dos doces aos salgados. Tem até os sazonais: em junho, por exemplo, com as festas juninas canceladas, ofereceu kits de comida típica e faturou alto.
Os pedidos além de serem feitos pelas mídias sociais, ganharam um super aliado: o whatsapp. O aplicativo desponta como nova ferramenta adotada que mais converteu vendas: 65% das pessoas perceberam que o atendimento ao cliente e a conversão aconteciam com maior facilidade por lá, apontou um estudo da WR São Paulo.
Viviani não economiza nas produções dos cardápios que envia para os clientes por meio de mensagem. Na internet, fotos e vídeos de dar água na boca e um atendimento cheio de cuidado e carinho conquistam fãs de Niterói e São Gonçalo. "Nunca se cozinhou tanto, por isso mesmo, muita gente enjoou do próprio tempero e da rotina. Fiz da culinária minha profissão e hoje me vejo como uma empreendedora do setor. E não deixo mesmo a dificuldade me desanimar!", afirma.