Rafael Diniz, prefeito de Campos - Marcio Mercante / Agencia O Dia
Rafael Diniz, prefeito de CamposMarcio Mercante / Agencia O Dia
Por LUIZ ALMEIDA

Rio - Pela primeira vez à frente da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, Rafael Diniz teve de encarar dois desafios logo ao assumir o cargo. Na ocasião, havia a necessidade de se adaptar à nova realidade da perda da receita dos royalties e contornar os efeitos da crise financeira que se abateu no Estado do Rio e no Brasil.

O prefeito adotou medidas duras de contenção e racionalização das despesas. "O papel do gestor hoje é entender as dificuldades que passamos. A política deve ser feita com responsabilidade. Mesmo que momentaneamente possamos desagradar, decisões corajosas devem ser tomadas. O desafio é a retomada, mas temos conseguido obter resultados", acredita. 

O DIA: Quais foram os maiores desafios desde que assumiu o cargo?

Rafael Diniz: O nosso grande compromisso foi arrumar uma casa completamente bagunçada. Ainda há muito a fazer, mas estamos fazendo. Mudamos a forma de gerir e administrar. Agimos com austeridade, com responsabilidade, buscando o equilíbrio das contas. Trabalhamos em 2017 com metade do orçamento que estávamos acostumados a trabalhar. Precisei ter coragem para tomar decisões difíceis, que desagradaram a população, mas que eram necessárias, já que não existem mágicas na administração. Campos era muito dependente dos royalties do petróleo, mas que com a perda de receitas fomos obrigados a criar alternativas para podermos avançar. O grande desafio é a retomada, mas temos conseguido obter resultados. O pior já passou.

Na prática, quais têm sido os resultados?

Ontem, anunciei que vamos entregar o Hospital São José. Será uma realidade ainda em 2018. É uma obra iniciada em 2011, que estava abandonada, e, finalmente, ficará pronta, apesar de todas as dificuldades, beneficiando a Baixada Campista. Ano passado, entregamos o Hospital de Travessão. As obras também estavam paradas e conseguimos tornar uma realidade. Temos ainda investido nos pequenos agricultores, como é o caso dos projetos Mais Frango e o Tomatec.

O Tomatec atualmente tem três unidades em operação. Há previsão de crescimento para 2019?

Nossa intenção é avançar ainda mais com o projeto e aumentar o número de polos no próximo ano. E queremos ir além do tomate, apostando em novas culturas, em outros frutos, avançando no incentivo à agricultura. Estamos atualmente avaliando quais culturas vão se adequar melhor às regiões do município. Afinal, cada parte da cidade tem seu potencial agrícola. Apostando na agricultura, geramos emprego e renda. Hoje, compramos diretamente dos nossos produtores os alimentos para a merenda escolar, gerando oportunidades para nossa população.    

Como gerar emprego e renda em um cenário de crise e com perda da arrecadação de royalties?

O grande desafio, não só de Campos, mas do Estado do Rio e do Brasil, é o desemprego. É um desafio de todos os gestores gerar emprego em tempos de crise. Éramos ainda acostumados com royalties. Assim, precisamos ter criatividade e buscar novas oportunidades, novas vocações. Por isso, precisamos investir em setores como inovação, tecnologia e agricultura, além do fortalecimento dos microempreendedores e do turismo.  

O município, aliás, é reconhecido pelo turismo de negócios devido à Bacia de Campos. Como incentivar o setor turístico?

A gente tem potencial imenso, mas estava totalmente abandonado. Recolocamos a cidade no mapa turístico do Brasil. Além do turismo de negócios, temos o turismo religioso, com a grande festa de Santo Amaro, em janeiro, quando muitos devotos visitam a cidade, e o turismo natural. Temos riqueza ecológica imensa, com cachoeiras, montanhas, praias, lagoas. Precisamos investir em tais potenciais para criarmos oportunidades. Investindo em turismo, a gente gera emprego e renda, e faz o dinheiro circular. 

A violência tem se espalhado por todo o Estado do Rio e afetado as cidades do interior. Como Campos tem trabalhado a Segurança?

Precisamos entender que as cidades também são responsáveis pela Segurança. Não é só um dever do governo estadual. Não por acaso, há cerca de dois meses apresentamos o Plano Municipal de Segurança Pública. Para tanto, convidamos todos os agentes e setores da sociedade (polícias Civil, Federal e Militar, Ministério Público, Guarda Municipal, etc) para participar e discutir. Estamos também estudando a criação de um grande centro de monitoramento, com câmeras espalhadas por todo o município. Cerca de 80% deste projeto já está pronto, mas ainda precisamos apresentar o programa para outros atores que atuam na Segurança Pública. 

 

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