Por gabriela.mattos

Rio - Nem mesmo a crise econômica no país parece ter afetado a expectativa em relação à Olimpíada do Rio. Uma pesquisa feita em parceria entre o Sistema Fecomércio RJ e a FGV Projetos aponta que 63% dos entrevistados acreditam no sucesso do maior evento esportivo do planeta. O estudo foi realizado entre os dias 19 de maio e 1º de junho, com 2,4 mil entrevistados no estado.

E o ambiente olímpico já tomou conta da Praça Mauá, ontem à tarde, quando milhares de pessoas acompanharam a transmissão ao vivo do jogo de futebol entre Brasil e África do Sul num telão de alta definição no Boulevard Olímpico do Porto Maravilha.

Na capital, quem mais acredita no sucesso dos Jogos são os moradores da Zona Central do Rio de Janeiro, com índice de 76%, seguidos pelos da Zona Norte, com 64%, Zona Sul, com 61%, e Zona Oeste, com 56%.

Christian Travassos, gerente de economia da Fecomércio RJ, acredita que a percepção de sucesso da Olimpíada deve aumentar nos próximos dias. “O esporte é inspirador. Ele anima as pessoas com seus valores e energia. Então, é natural que as pessoas se empolguem mais. E, aos poucos, aquela percepção mais cética em relação aos Jogos diminua e as pessoas fiquem mais animadas”, analisa.

Bernardo Vasconcelos se fantasiou de índio e levou amigo vestido de cangaceiro para atrações da Praça MauáDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Mas as opiniões se dividem quando as pessoas são questionadas se a capital está preparada para sediar os Jogos: 52% acreditam que sim, 46% dizem que não e outros 2% não sabem ou não responderam.
Os bares, os restaurantes, a rede hoteleira e os pontos turísticos são os segmentos considerados mais preparados para receber os visitantes que chegam de outros países. O levantamento mostra que 73% dos fluminenses acreditam no setor de comércio e serviços. Um outro dado contribui para essa constatação. O número de quartos no Rio mais que dobrou de 2010 para cá. Há seis anos, a capital oferecia 19 mil quartos aos visitantes. Neste ano, cerca de 43 mil quartos estão sendo preparados para os Jogos.

Mas há problemas que estão tirando o sono dos cariocas e fluminenses, de acordo com a pesquisa. Ao todo, 44% das pessoas ouvidas apontam o combate à violência como o maior desafio para o Rio na Olimpíada. Na sequência, em uma lista de múltiplas escolhas, 10% dos entrevistados apontaram o término de obras em andamento como o maior desafio, seguido da necessidade de melhorias no transporte público, escolha assinalada por 6% das pessoas que responderam à pesquisa.

Aliás, o transporte público também foi apontado como o setor mais preocupante para 58% dos entrevistados.Apesar das críticas, o BRT foi citado como o principal legado deixado pelos Jogos, seguido dos estádios e centros esportivos. As melhorias no metrô também foram citadas na pesquisa.

O levantamento também registrou queixas em relação à crise econômica, obras inacabadas e investimentos deixados de lado para saúde e educação. Mas 61% dos ouvidos acreditam que a imagem do Brasil vai melhorar após os Jogos.

Estrutura terá gestão dividida

O prefeito Eduardo Paes apresentou ontem o plano para o legado das instalações olímpicas após os Jogos. As estruturas do Parque Olímpico, na Barra, e do Complexo Esportivo de Deodoro terão gestão da iniciativa privada, Exército e confederações esportivas, por meio de convênio com o Ministério do Esporte.

Segundo o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, que participou do evento ao lado de Paes, a manutenção de Deodoro, que ficará sob a gestão do Exército e de entidades esportivas, custará R$ 46 milhões por ano e será bancado pelo governo federal. O material esportivo, que custou R$ 118,7 milhões, irá para as Forças Armadas.

Paes disse que a manutenção de equipamentos de responsabilidade da prefeitura terão custo de R$ 13 milhões por ano. Das nove instalações que compõem o Parque Olímpico, que ficará sob gestão de uma Parceria Público-Privada, sete serão mantidas após a Olimpíada e duas desmontadas. Segundo Paes, o Parque Olímpico ganhará uma pista de atletismo e um alojamento. Já o local por onde o público circula vai se transformar em área de lazer.

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