Por gabriela.mattos
Rio - Para estimular o uso dos trens, a Prefeitura do Rio quer criar linhas de vans alimentadoras que deverão levar passageiros às estações da SuperVia, onde há poucas opções de acesso. Fã do transporte sobre trilhos, o vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, vai discutir a ideia com a concessionária. Segundo ele, a SuperVia poderia receber 1 milhão de passageiros por dia, mas tem 700 mil.
“A van leva poucos passageiros, mas vai permitir às pessoas chegar rapidamente. E é barato. Toda essa região teria um desenvolvimento monumental”, defende. Embora tenha ciência de que os trens já são cheios, o secretário acredita que a SuperVia não precisa de mais composições. Para ele, a medida necessária para tornar a viagem de trem atrativa é reurbanizar o entorno das estações.“É fazer uma coisa bonita. As pessoas chegarem na van e entrarem agradavelmente na estação”, diz.
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A secretaria ainda não estudou quais linhas de vans seriam criadas, nem como seria a integração tarifária. A SuperVia diz considerar “positivas iniciativas que estimulem passageiros a viajar em modal de alta capacidade”. A Secretaria Municipal de Urbanismo diz que desenvolve projetos para incentivar a ocupação das áreas do entorno.
Para novo secretário de Transportes%2C embora levem menos passageiros%2C vans farão o deslocamento rápidoArquivo O Dia

O engenheiro de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj, defende que a ideia seja discutida com outros municípios e o estado. “Se tiver vans atendendo à Baixada Fluminense ou algumas regiões de fundo de Baía é uma boa ideia porque essas pessoas têm muita dificuldade de transporte”. A Secretaria estadual de Transportes recebeu a ideia com bons olhos. Rojas concorda que não é preciso mais trens, mas ações do poder público para acabar com interferências na via férrea, como passagens irregulares, depósito de lixo e presença de traficantes.

“Essas interferências reduzem a velocidade dos trens. Sem elas, seria possível aumentar o número de viagens e de pessoas transportadas, dando-lhes mais conforto”, explica o especialista. “A reurbanização inclusive estimularia as bicicletas como forma de integração”, aponta a engenheira de Transportes Eva Vider, da UFRJ. Ela pondera que linhas de ônibus seriam melhores opções que vans em casos de alta demanda.

Novo 'fiscal' das vans
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O prefeito Marcelo Crivella vai exonerar hoje pelo Diário Oficial o delegado federal Braulio do Carmo de Melo da coordenação de Transporte Complementar, responsável pela fiscalização das vans. Crivella descobriu que Braulio, nomeado ontem, chegou a ser preso, acusado de tentativa de homicídio. Reportagens de 2011 noticiaram que ele atirou na direção de três jovens que deixavam uma boate em Cuiabá. A defesa afirma que a denúncia não se firmou e que o cliente responde por disparo de arma de fogo, por ter atirado para o alto ao perceber aproximação estranha. Como o Informe do Dia publicou, a nomeação do delegado Cláudio Ferraz, que comandou o órgão na gestão anterior, também deve ser publicada hoje.
Defensoria contra reajuste do BU
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A Defensoria Pública do Rio informou ontem que ajuizou Ação Civil Pública para anular o segundo reajuste concedido à tarifa do Bilhete Único Intermunicipal para este ano. O valor era de R$ 6,50 até dezembro. Naquele mês, a Assembleia Legislativa determinou aumento para R$ 8, a partir de janeiro, para diminuir os gastos do governo com subsídios, devido à crise. Na semana passada, o estado decidiu, em decreto, que a tarifa subirá para R$ 8,55 a partir de 13 de fevereiro, justificando a variação anual do IPCA.
Na sexta-feira, o governo quitou a dívida de R$ 40 milhões acumulada com as empresas de transporte, referente aos subsídios prometidos ao programa em 2016. O prazo para regularização era até dia 15. Por enquanto, não há mais risco de suspensão do benefício. No entanto, o Executivo já acumula dívida de R$ 6 milhões com as concessionárias em 2017.
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Justiça barra aumento para barcas

A Justiça negou ontem pedido de antecipação de tutela feito pela CCR Barcas para rescindir o contrato do serviço de transportes aquaviários com o governo do Rio. A concessionária alega prejuízos devido a uma suposta defasagem nas tarifas.
Na decisão, o juiz Eduardo Antonio Klausner, da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital, afirma que não há provas de danos econômicos para a empresa e que a entrada de novos sócios demonstra que o contrato é lucrativo. O magistrado considerou inconcebível pedido de novo reajuste para cobrir prejuízos não comprovados. “A autora pretende um aumento da tarifa desproporcional”.
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A CCR vai recorrer. Apesar disso, em dezembro, a Agetransp autorizou o reajuste anual de R$ 5,60 para R$ 5,90, que continuará válido, a partir de 12 de fevereiro. Em 2015, a empresa chegou a mencionar o valor de R$ 8.