Por aline.cavalcante

A poucos dias do Dia Mundial da Água, comemorado no dia 22, a Baixada Fluminense não tem muito do que se orgulhar. Segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil o desperdício chega a 44% e a perda financeira atinge o percentual de 67%, ficando entre os piores do ranking.

Em Nova Iguaçu houve perda de 39,08% na distribuição, uma queda financeira de 63,37%. No município de Duque de Caxias 37,60% da água foi perdida, um prejuízo financeiro de 67,03%. Já Belford Roxo teve a maior perda financeira dentre as cidades da região, com 67,52%, chegando a desperdiçar 44,34% da água e deixando de atender a população. Todas com perda bem acima dos 15% considerado o ideal.

Para Édson Carlos, presidente do Trata Brasil, este desperdício é um desastre. “É uma gigantesca perda de água fazendo com que menos pessoas sejam atendidas. Quanto mais a empresa de abastecimento for eficiente, mais vai arrecadar e investir. Caso contrário, se perde muita água. Está interligado”.

Quem sofre na pele reclama. “Abro a torneira e não cai uma gota, é triste”, desabafou a aposentada Maria do Carmo, 80, moradora de Santa Rita, em Nova Iguaçu.

A situação não é diferente em Belford Roxo. “Estou procurando casa em outro lugar, não dá pra viver assim”, conta Eduardo da Costa, 39.

Segundo o relatório, as melhorias ficam cada vez mais nas cidades que apresentam bons índices. As 20 melhores cidades investiram juntas, em 2014, R$827 milhões em saneamento. Já as piores investiram R$ 482 milhões.

“Há um abismo. As cidades que estão bem caminham para universalização, mas as ruins ficam paradas. É um avanço lento e desigual”, diz Édson.

Apesar disso o presidente da Nova Cedae, Jorge Briard, garante que em três anos toda a região estará abastecida, universalizando o fornecimento de água por aqui. “As perdas acontecem devido a vazamentos, questões operacionais, ligações clandestinas e hidrômetros quebrados ou adulterados. Já começamos a corrigir o problema com as obras do Programa de Abastecimento de Água para a Baixada e o projeto Novo Guandu que, beneficiarão cerca de 3 milhões de pessoas”.

Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente da Firjan, adverte: “Se ações para evitar o desperdício não forem colocadas em prática, em 2035 a demanda de água vai ser superior à oferta e teremos um colapso”, afirma.

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