Por aline.cavalcante

Eles faziam fila para chegar até a piscina do Sesc de São João de Meriti, nas provas de natação da quarta rodada dos Jogos da Baixada, disputadas no último sábado. E, enquanto se aproximavam, ouviam cada vez mais alto o som da arquibancada, lotada de pais e parentes. Para muitos deles, o incentivo a cada braçada já valeu bem mais do que uma medalha.

Enquanto esperava para nadar por Nilópolis com atletas mais velhos na categoria sub-14, Gabriel Matheus, de 12 anos, acenava de longe para os pais, em pé na arquibancada, que pareciam não se importar com a espera. Naquele momento, a esperança era por um lugar de destaque no pódio, que chegou com a medalha de prata nos 100m medley. Mas Gabriel nem lembra quando a principal vitória começou a ser construída na piscina.

Cerca de 500 atletas participaram das 28 provas de natação%2C na quarta rodada Alexandre Bum


Ele nasceu com uma deformidade no pé direito, que era virado para trás. Ainda era bebê quando precisou usar gesso. Já tinha quase três anos quando deu seus primeiros passos, usando botas ortopédicas. Começou a nadar para corrigir o problema. O que já foi recomendação médica, hoje serve de combustível para desafios bem maiores ao atleta, no Fluminense há dois anos. Um sonho alimentado por aqueles que nunca deixaram de acreditar. “Eu tremo, grito, não durmo à noite. Quem sabe não está aqui um futuro atleta olímpico?”, sorri a mãe, a vendedora Alessandra de Souza.

A família pega junto para que esse sonho vire realidade e gasta cerca de R$ 300 por semana só com combustível no deslocamento entre Nilópolis e as Laranjeiras, sede do Fluminense, na Zona Sul do Rio.

Para Camille Souto Maior Vigné, de 12 anos, o apoio da família também surtiu efeito. Na arquibancada, era incentivada pela mãe e pela irmã. Assim como Gabriel Matheus, enfrentava atletas mais velhas na categoria sub-14. Mas não se intimidou e levou o ouro nos 100m medley, chegando três segundos à frente da segunda colocada. Ela ainda conquistou a medalha de prata nos 25m peito, bronze no revezamento 4x25m estilos e foi escolhida como atleta destaque. “Fiquei com medo, porque ia enfrentar atletas mais velhas. Até chorei antes. Mas a minha mãe ficou me incentivando e me passou confiança. Deu certo”, sorri.

Família da nadadora Ariane se deslocou de Queimados para ficar na torcidaAlexandre Brum

A família de Ariane Duarte, nadadora de Queimados na categoria sub-17, também segue todas as suas braçadas. E não é pouca gente. Só nos Jogos da Baixada, eram cerca de 20 pessoas, que vieram em comboio de Queimados só para apoiá-la.Até o primo João Lucas, de apenas sete meses, estava lá. 

‘Ariane!’, grita a mãe, colada na primeira fileira da arquibancada. A menina acena, de longe. E, quando entra na piscina, é aquela gritaria. “Fico mais tranquila quando vejo a minha família. Mas quando me preparo para nadar, só penso na piscina”, diz. O apoio deu resultado: Ariane levou para casa a medalha de ouro nos 50m borboleta e prata nos 100m medley e revezamento 4x50m estilos.


Tira-teima do futsal pode decidir título

Com a vitória no vôlei e na natação, Nova Iguaçu empatou com Duque de Caxias na classificação dos Jogos, com 28 pontos. E chega à penúltima rodada, neste fim de semana, em Magé, com chances reais de quebrar a série de oito títulos dos rivais. Isso aumenta a importância da disputa no futsal, o tira-teima que pode definir o campeão.

No sorteio, Caxias levou a melhor porque terá um jogo a menos no sub-17 e estreia na segunda fase, hoje. Um possível jogo entre os adversários diretos só pode acontecer na semifinal (veja tabela).
Rafael Simões, superintendente de Nova Iguaçu, está otimista. Formada neste ano, a equipe conta com o talento do ala Matheus Nascente, que já atuou nas categorias de base do Fluminense e é o principal jogador do time. “Temos tradição no futsal e viemos para brigar pelo título”, acredita.

O sub-17 de Duque de Caxias aposta na base, mantida há quatro anos. Um grupo bicampeão em 2012 e 2013 no sub-14. E campeão sub-17, em 2014. Destaque para Romário e Nicolas. “Vai ser nivelado. Quem vencer no futsal, abre vantagem para o título”, prevê o treinador Walber Carvalho.


Magé espera ginásio lotado

A expectativa é de arquibancada lotada para o futsal sub-14 e sub-17, na penúltima rodada dos Jogos da Baixada, neste fim de semana, no ginásio poliesportivo Edson Alves, em Magé. A organização espera cerca de 400 pessoas para o evento, que pode encaminhar o título da edição de 2016 do maior evento socioesportivo da região.

“A expectativa é grande. Estamos divulgando o evento com carro de som e a comunidade está mobilizada”, avalia Emanuel Pereira Gomes, diretor de esportes da Prefeitura de Magé e responsável pela organização.

Os preparativos para deixar tudo pronto na sede mais afastada da Baixada, a cerca de 50 quilômetros da capital, foram concluídos na quinta-feira, em frente à praia do Anil. A Prefeitura investiu R$ 6 mil para fazer a pintura da entrada principal, cerca e a quadra do ginásio construído há dez anos, com 40mx17m, dimensões oficiais do futsal.

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