Até o Imperador aprovou a moda da caixa d'água - Divulgação
Até o Imperador aprovou a moda da caixa d'águaDivulgação
Por O Dia

O verão carioca é o verdadeiro cartão postal mais vendido mundo afora sobre o nosso modo de vida. O fato é que, dentro desse marketing turístico, muita coisa é mascarada. Um verdadeiro sururu da segregação social a começar pelos lazeres aos quais o carioca que não mora próximo das praias não têm direito.

Isso mesmo: dizer que a praia é um espaço democrático de lazer pode ser bonito, mas apenas no mundo das ideias. Falo isso, pois todo verão é a mesma coisa: o lazer suburbano no verão sempre é visto de forma torta e muitas vezes criminalizado.

Seja do asfalto ou das favelas, se formos às praias, somos vistos como criminosos que a qualquer momento iniciarão um arrastão. Se colocamos nossas piscinas de plástico para encher, nossos chuveirões para refrescar ou nossas mangueiras para molhar as crianças, estamos gastando água e/ou roubando da Cedae.

O calor feito nos subúrbios durante o verão está longe da fantasiosa ideia do Rio 40 Graus; isso aqui é caso de saúde, pois as sensações térmicas já passaram da casa dos 50°! E quais as opções de lazer nós temos?

O Rio, a cidade da gambiarra, cheia de brechas, entre a moralidade e a hipocrisia, jamais contempla todos aqueles que por ela circulam.

É só ver nas redes sociais quando chega o verão: fake news grosseiras, alarmando sobre aparecimento de monstros marinhos nas orlas, tubarões e afins, tudo para nos espantar das praias de NOSSA cidade. Sem contar aqueles que deixam escancarado seu preconceito, fazendo questão de que não nos querem por lá, sem saber que IPTU caro não é sinônimo de propriedade sobre um pedaço da cidade.

Pobres de espírito...

Do lado de cá...
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Mesmo com toda propaganda antipopular e criminalizadora, fazemos o nosso. E o que deu o tom nesse verão foram as caixas d'água. A capacidade criativa de nosso povo suburbano transformou oficialmente esse objeto em piscina. Lembro dos refrescos, quando criança, nas bacias de alumínio, tanques de concreto e baldes, mas agora temos a caixa d'água! E tá aí nosso imperador Adriano que aprova. Pode ser colocada no quintal, na laje ou na calçada, tanto faz. Mas esse é o ritmo! Entram aí também geladeiras velhas, que viram banheiras improvisadas...
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Literatura para começar o ano
Romance traça o panorama nas favelas cariocas
Romance traça o panorama nas favelas cariocas Divulgação
Venho indicar o livro Dandara, do jornalista Jeferson Pedro (Instagram: @jeferson.pedro). O romance se passa nas favelas da cidade, começando na Serrinha, em Madureira, terminando no morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Pedro traça um panorama da vida nas favelas cariocas e traz a discussão sempre necessária sobre questões relativas às brutalidades impostas pelo racismo em uma cidade como o Rio de Janeiro.
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Dandara é sobre a luta ancestral que não deixa abalar os alicerces do confronto contra um sistema que tenta jogar para as margens, cotidianamente, jovens negros e negras dos subúrbios cariocas, seja do asfalto, seja das favelas.
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