Quando, no início do século 16, adentraram a boca formada de um lado pelo Pão de Açúcar e do outro a ponta de Santa Cruz, os portugueses que vieram reconhecer a costa do que viria a ser o Brasil pensavam ter chegada a um rio. O mês era janeiro e, por isso, o registro do local se firmou: Rio de Janeiro. Só depois é que se descobriu ser uma baía, a da Guanabara.
Repare bem: nossa cidade nasceu e cresceu em função das águas. Aliás, não só a cidade, mas sua baixada e arredores. Éramos um porto entre os idos séculos 16 e 19, o principal do Atlântico sul, importante parada para aqueles que se lançavam ao mar saindo da Europa rumo ao Oriente em busca de especiarias. Daqui, o ouro das minas e as produções e extrações de açúcar, pau brasil e café foram levados para a Europa.
O Rio de Janeiro, fundado em função da orla, sobrevivente em função dos rios que escoavam produtos agrícolas de seu interior, se vê na seguinte situação: sua água está podre. Sim, 2020 começou desse jeito para nós. A água, elemento estrutural da cidade, está podre.
Ironicamente, essa cidade está à beira de um colapso hídrico, com os principais rios que a abastecem sofrendo com a poluição. E em janeiro.
O guerreiro Guandú, nosso fornecedor, tem nos fornecido o que lhe chega: água ruim para ele, que sobra para nós com cheiro e gosto horríveis! Mesmo a Cedae dizendo que está própria para consumo, como explicar as milhares de pessoas passando mal pelos municípios da região?
Pessoal, muita calma! Devem ser os efeitos retardatários das comidas de fim de ano...